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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 9

SETEMBRO 2017

80

que se destaca a facilitação do acesso dos agricul-

tores aos mercados; a introdução de maior eficácia

na comunicação e informação com o consumidor

final sobre a qualidade dos alimentos; e a promo-

ção de uma maior integração vertical do negócio

com ganhos de eficiência.

Porém, para além desta produção de alimentos de

qualidade e a formação de valor em particular no

setor transformador, existe a necessidade de trans-

ferir estes efeitos positivos para o desenvolvimento

rural enquanto fator de manutenção de áreas agrí-

colas e regiões rurais ativas e atrativas para o cres-

cimento e para a vida de pessoas e comunidades

vibrantes e envolvidas na preservação da sua iden-

tidade, enquanto fator de desenvolvimento que per-

mita a criação de empregos a montante e jusante

da atividade agrícola e fomente a manutenção de

atividades tradicionais, sem perder de vista a inova-

ção e o investimento.

A gastronomia, enquanto produto cultural de inte-

resse económico assente no caráter e identidade

das tradições, permite fazer a ponte entre produtos

e regiões, e sendo baseada em bens agrícolas, esta-

belece também ligação com as políticas que lhes

estão associadas.

Valorizar a qualidade e a diversidade da produção

agrícola enquanto vantagemcompetitiva é importante

para os produtores locais e instrumento de promoção

do património cultural e gastronómico vivo, consti-

tuindo-se como motor de desenvolvimento dos terri-

tórios rurais e contribuindo para o reforço da atração

turística e do desenvolvimento de atividades de lazer.

Preservar a genuinidade dos produtos tradicionais

e dinamizar os mercados locais concorre para a

manutenção dos sistemas de produção sustenta-

dos na valorização dos recursos endógenos, permi-

tindo a fixação de populações ativas, fomentando

o empreendedorismo local e uma melhor remune-

ração dos produtores, com impacto importante no

meio ambiente e na preservação dos recursos.

A importância das iniciativas e das políticas que

procuram criar novos polos de atratividade e viabili-

dade dos territórios rurais é primordial, assim como

o papel das autarquias na dinamização dos mer-

cados locais e na valorização dos produtos regio-

nais, promovendo sinergias entre cultura, patrimó-

nio, gastronomia e turismo.

Para a manutenção da genuinidade destas produ-

ções é de incentivar regimes e sistemas de certifi-

cação e diferenciação que visam assinalar no con-

sumo a qualidade e a diversidade das produções,

tendo em vista consolidar a confiança dos con-

sumidores e aumentar a informação e o conheci-

mento dos alimentos que compram, promovendo

um maior valor acrescentado e possibilitando uma

maior lealdade das transações comerciais, prote-

gendo direitos dos operadores económicos e dos

consumidores.

A aposta na diferenciação dos produtos agroali-

mentares através da qualidade surge como uma das

principais vias para o desenvolvimento de fileiras e

territórios, justificando uma estratégia de valoriza-

ção e promoção da produção nacional, suportada

pela tendência recente de evolução dos hábitos de

consumo destes produtos, que se podem resumir

nos seguintes aspetos:

procura cada vez mais exigente e sofisticada;

crescimento em valor e não em volume;

maior procura de produtos de melhor qualidade;

vontade de consumir alimentos de maior prestígio;

constante aumento do número de consumidores

que privilegiam, na sua alimentação, a qualidade

em detrimento da quantidade;

maior seletividade na aquisição de produtos ali-

mentares de produção industrial;

substituição e/ou redução do consumo de alguns

tipos de produtos considerados menos saudáveis;

crescimento dos adeptos do consumo de produ-

tos da agricultura biológica;