Table of Contents Table of Contents
Previous Page  38 / 124 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 38 / 124 Next Page
Page Background

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 8

JUNHO 2017

36

tes. Essa abordagem de resolução fina gerará uma

compreensão mais mecanicista da agrobiodiversi-

dade que pode ser usada para projetar estratégias

de gestão necessárias para uma abordagem susten-

tável do agroecosistema. Neste contexto, o GBIF é

uma base de dados que dá acesso a dados primá-

rios de biodiversidade, incluindo, entre outras infor-

mações, o nome da espécie, o local e data de ocor-

rência. Esta informação é essencial para a avaliação

da agrobiodiversidade de uma região.

A gestão dos agroecossistemas deve ser feita a

diferentes escalas, não só para potenciar o con-

tributo que os processos ecológicos e as espé-

cies podem ter na produ-

ção agrícola, reduzindo o

recurso a

inputs

externos,

como agroquímicos, e res-

petivos custos, mas tam-

bém para potenciar os

benefícios que os agroecos-

sistemas podem gerar para

a sociedade (e.g., recarga

de aquíferos, regulação da

qualidade da água, seques-

tro de carbono, áreas de

recreio, etc.). Estes bene-

fícios podem ser passí-

veis de remuneração, via

programas de pagamento

de serviços dos ecossiste-

mas, traduzindo-se assim

numa fonte adicional de

rendimento para os agricultores. Uma das limita-

ções ao desenvolvimento destes programas passa

pela capacidade de quantificar os serviços gerados.

Alguns serviços de ecossistema (por exemplo, provi-

são de alimentos) podem ser quantificados em uni-

dades que sejam facilmente compreensíveis pelos

formuladores de políticas e pelo público em geral,

por exemplo, em valor monetário. Outros servi-

ços, por exemplo, aqueles que suportam e regulam

os níveis de produção de colheitas, são mais difí-

ceis de quantificar, como por exemplo o recarrega-

mento dos aquíferos ou a regulação climática. Se

uma definição baseada na contabilidade for apli-

cada de forma muito estrita, existe o risco de que a

avaliação dos serviços dos ecossistemas possa ser

tendenciosa em direção a serviços que sejam facil-

mente quantificáveis. No entanto, muitas vezes, são

os serviços de regulação aqueles que se podem tor-

nar mais críticos para o bem-estar humano (UK NEA,

2014). Assim, é necessário um maior investimento

no desenvolvimento de metodologias, incluindo

modelação, para quantificar os serviços de ecossis-

tema gerados numa dada área, considerando quer

as características biofísicas e ecológicas do sis-

tema, quer as práticas de gestão. Uma vez que os

serviços dos ecossistemas

são definidos em termos

de benefícios para as pes-

soas, deve-se reconhecer

que os serviços do ecossis-

tema são dependentes do

contexto, ou seja, a mesma

característica de um ecos-

sistema pode ser conside-

rada um serviço do ecos-

sistema por um grupo de

pessoas, mas não avaliada

como tal por outro grupo

(UK NEA, 2014).

Na ligação da ciência à

política, podemos identi-

ficar vários instrumentos

de promoção da agrobio-

diversidade na agricultura. Na arquitetura do pro-

grama PDR2020, a ação “Ambiente, eficiência no

uso dos recursos e clima“ apresenta três medidas

que dependem da gestão sustentável da agrobio-

diversidade, a saber,

Agricultura e recursos natu-

rais

,

Proteção e reabilitação de povoamentos flo-

restais

, e

Manutenção da atividade agrícola em

zonas desfavorecidas

. A condicionalidade, o

gree-

ning

e as medidas agroambientais e climáticas têm

sido instrumentos diferenciadores na produção de

bens públicos ambientais, proteção dos recursos

A gestão dos agroecossistemas deve ser

feita a diferentes escalas, não só para

potenciar o contributo que os processos

ecológicos e as espécies podem ter na

produção agrícola, reduzindo o recurso

a

inputs

externos, como agroquímicos,

e respetivos custos, mas também

para potenciar os benefícios que os

agroecossistemas podem gerar para a

sociedade (e.g., recarga de aquíferos,

regulação da qualidade da água,

sequestro de carbono, áreas de recreio,

etc.). Estes benefícios podem ser passíveis

de remuneração, via programas de

pagamento de serviços dos ecossistemas,

traduzindo-se assim numa fonte adicional

de rendimento para os agricultores.