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Como promover os serviços de ecossistema na agricultura usando a biodiversidade

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dores que mais referem estes tipos de agrobiodiver-

sidade cultivada. Deste trabalho, podemos referir

que em geral a biodiversidade auxiliar e a biodiver-

sidade da matriz envolvente não foram associadas

a serviços de aprovisionamento, nem a serviços cul-

turais. Verificou-se que a biodiversidade da matriz

envolvente se encontra sobretudo associada a

vários serviços de regulação e suporte. Nesse caso,

estes elementos estão a funcionar como uma bio-

diversidade auxiliar, mas que devido à não espe-

cificidade e à distância da propriedade são vistos

pelos vários

stakeholders

como agrobiodiversidade

da matriz envolvente.

Localização da origem e prestação dos bens e

serviços de ecossistema

Na consulta que foi feita aos

stakeholders

do setor

vitivinícola, identificaram-se vários serviços em que

a área de origem do serviço e a área de benefício

não são coincidentes. Os exemplos identificados

demonstram que os serviços de ecossistema que

suportam a produção na vinha dependem das prá-

ticas de gestão à escala da vinha, como por exem-

plo, práticas de gestão do solo que afetam a estru-

tura e biodiversidade do solo, de opções de gestão

da propriedade (i.e., sistema agrícola), como a

manutenção de policultura que pode contribuir

para o controlo de pragas na vinha, e de opções de

gestão da paisagem envolvente, como a gestão da

cobertura de vegetação para regular a qualidade da

água, ou a manutenção de habitats para espécies

auxiliares à produção (Tabela 2).

Recomendações e futuras direções

Propõe-se que, no âmbito da agrobiodiversidade e

dos serviços de ecossistema, se passe de uma abor-

dagem de diversidade taxonómica a uma aborda-

gem de diversidade funcional. Uma mais intensa

interação entre os conhecimentos de ecologia e os

conhecimentos agronómicos permitirá a utilização

dos atributos da agrobiodiversidade. Isso ajudará

à criação de modelos mais preditivos de serviços

de ecossistema e da forma como estes variam com

as práticas agrícolas e o contexto ambiental (Wood

et al., 2015). Ajudará ainda a desenvolver estraté-

gias que possam ser implementadas pelos agricul-

tores na gestão dos sistemas agrícolas, para for-

necer múltiplos serviços de ecossistema e gerir os

possíveis

trade-offs

existentes entre serviços. Pro-

põe-se uma abordagem baseada em atributos,

que deve medir mudanças nos valores dos atribu-

tos funcionais em gradien-

tes ambientais e sob dife-

rentes cenários de gestão,

bem como em níveis variá-

veis de complexidade. Estas

abordagens baseiam-se em

atributos das espécies que

determinam a sua resposta

e o seu impacto no meio

ambiente. Por isso, é cru-

cial o desenvolvimento e a

disponibilização de bases

de dados de espécies e dos

seus atributos, para depois

se poder prever de forma

quantitativa os serviços

de ecossistema, sabendo

que espécies estão presen-

Tabela 2:

Áreas de origem de serviços dos ecossistemas e áreas que beneficiam

desses serviços. Exemplos para a vinha