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Vamos comer o que nos rodeia – e isso é só o início da mudança

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tação mais saudável – nas escolas, desde os primei-

ros anos. Tal como valorizar os restaurantes, sejam

de alta cozinha ou tradicionais e mais populares,

que fazem um trabalho sério em torno dos produ-

tos portugueses.

E, tal como no Peru e noutros países, é fundamen-

tal reforçar a ligação entre o que se come nas esco-

las e os produtos/produtores locais (as centrais de

compras são um obstáculo a que isto aconteça pelo

facto de a grande escala permitir preços mais eco-

nómicos, mas é importante refletir sobre isto). E,

evitando a tendência para sermos “mais papistas

que o Papa”, não cairmos em excessos legislativos

que mais tarde vimos a reconhecer como exageros.

Os caminhos estão abertos. Os exemplos noutros

países – e em Portugal também – são inúmeros. É

preciso coordenação, união de esforços, reconhe-

cimento da importância deste assunto, vontade de

fazer. De resto, o país tem excelentes produtos, tem

uma forte tradição gastronómica, tem ainda agri-

cultores que guardam saberes antigos e jovens que

voltaram a interessar-se pela agricultura, tem gente

que conhece e que estuda estes temas (e que geral-

mente é muito pouco reconhecida e valorizada –

veja-se a dificuldade em publicar livros de gastro-

nomia que não sejam apenas de receitas).

E, no meio de tudo isto, todos nós temos de fazer

uma coisa muito fácil e, para além do mais, muito

agradável – a paisagem comestível está à nossa

volta; basta-nos comê-la. Só assim ela sobreviverá.