cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR
N.º 9
SETEMBRO 2017
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Assim, se na primeira versão, em 2010, integravam
a Comissão Executiva da Marca o IVV, que presi-
dia, acompanhado pelo IVDP, Instituto dos Vinhos
do Douro e Porto e pela ViniPortugal, em março de
2011, assiste-se à entrada da ANDOVI, Associação
das Denominações de Origem. Posteriormente, já
em 2015, é o IVBAM, Instituto do Vinho (do Bordado
e Artesanato) da Madeira, que passa igualmente a
integrar esta Comissão. Por outro lado, nesta última
alteração foram atribuídas competências específi-
cas à ViniPortugal nomea-
damente a (i) coordenação
operacional das ações de
promoção da Marca e a (ii)
gestão do banco de dados
e materiais a disponibilizar
para os eventos de anima-
ção associados à promoção
da Marca, garantindo o acesso do público a baixo
custo e a boa utilização de recursos.
O exercício, em si, não era original, pois outros paí-
ses já o tinham feito – o caso do
Wines of Chile
será o mais paradigmático – mas continha riscos,
nomeadamente porque exigia um esforço coletivo,
com todos a puxar no mesmo sentido, disciplina
esta nada fácil para a nossa maneira de ser
2
.
De referir que a marca
Vinhos de Portugal
, assente
numa identidade própria,
não fomenta o regiona-
lismo ou a visão local, antes
procura conferir dimen-
são, procurando apresentar o Portugal dos Vinhos
como um todo, condição fundamental ao sucesso,
sobretudo ao passar de mercados de proximidade
e maduros para mercados emergentes, distantes ou
extensos, onde o grau de conhecimento do nosso
2
Num inquérito realizado pela Monitor Company em
dezembro de 2002, apenas 14% das empresas inquiridas
considerava que existia uma estratégia económica clara
definida pelo
cluster
do vinho.
país era reduzido face aos nossos objetivos. A pro-
moção do nível regional, em particular as Denomi-
nações de Origem (DO) e as Indicações Regionais
(Vinhos Regionais) continuaria a ter lugar através
das intervenções das respetivas Comissões Vitiviní-
colas, desejavelmente estimulando e fazendo uso
da Marca Vinhos de Portugal. Se às DO cabe afirmar
uma identidade e um carácter regional, à Marca
Wines of Portugal
caberia promover uma identidade
nacional (o que é um vinho Português?).
Mas, sendo certo que havia
riscos, tínhamos, por outro
lado, alguns bons pon-
tos da partida e outras
condições necessárias ao
sucesso. O primeiro foi o
2º Estudo Porter que, entre
outras virtudes, soube mobilizar o setor do vinho e
soube pôr os principais atores a agirem de forma
concertada. Portugal estava a investir de forma sig-
nificativa nesta fileira, detinha vantagens compa-
rativas evidentes, mas não tinha imagem interna-
cional. Apesar da excelente imagem de que vinhos
como o Porto ou o Madeira desfrutavam, o seu reco-
nhecimento não estava, na generalidade dos mer-
cados, associado ao país Portugal.
De entre essas vantagens,
igualmente
identificadas
pelo referido estudo, duas
merecem aqui um desta-
que especial: os sabores
únicos, porque baseados
“
em castas que são cultivadas apenas em Portugal
ou têm a sua origem na viticultura portuguesa
” e
Se às DO cabe afirmar uma identidade
e um carácter regional, à Marca Wines
of Portugal caberia promover uma
identidade nacional.
De referir que a marca Vinhos de
Portugal, assente numa identidade
própria, não fomenta o regionalismo
ou a visão local, antes procura conferir
dimensão, procurando apresentar o
Portugal dos Vinhos como um todo…
Figura 1
: Logotipo da marca Vinhos de Portugal / Wines of Portugal