Gastronomia portuguesa: heranças antigas, dinâmicas modernas
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grande desafio será o de inventar uma nova ética,
assente na partilha de responsabilidades, na equi-
dade dos recursos alimentares, dos bens de produ-
ção. Nesta lógica, é já consensual o papel primor-
dial da educação, para a tomada de consciência
da problemática alimentar, bem como dos proble-
mas ambientais, globais e locais, com vista à res-
ponsabilização individual, face ao consumo alimen-
tar, e a uma mudança de atitudes. Não é uma figura
de retórica, é uma urgência que nos bate à porta.
Temos um papel a desempenhar na mobilização de
todos os setores da sociedade nesse sentido.
Quando se tem o privilégio de herdar um património
gastronómico e alimentar tão singular, é-se igual-
mente responsável por perceber quanto esses ali-
mentos exprimem e mobilizam aspetos tangíveis,
como os que acabámos de referir, e igualmente
intangíveis – saberes transmitidos oralmente, etc. –
que precisamos de manter vivos e aos quais temos
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