cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR
N.º 8
JUNHO 2017
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significa que, para além da sua função primária,
contribui também para definir a paisagem, preser-
var e gerir de forma sustentável os recursos natu-
rais, incluindo a biodiversidade, e contribuir para
a viabilidade socioeconómica de áreas rurais. Os
ecossistemas agrícolas fornecem bens alimentares,
bioenergia e outras matérias-primas para a indús-
tria e são essenciais para o bem-estar humano.
Estes dependem dos serviços dos ecossistemas
fornecidos pelas áreas naturais, incluindo poliniza-
ção, controle biológico de pragas, manutenção da
estrutura do solo e fertilidade, serviços de recicla-
gem de nutrientes e de água, etc. As avaliações pre-
liminares indicam que o valor (económico, social
e ecológico) destes servi-
ços dos ecossistemas para
a agricultura é enorme e,
muitas vezes, subestimado.
Os agroecossistemas tam-
bém produzem uma varie-
dade de serviços dos ecos-
sistemas, como a regulação
da qualidade do solo e da
água, sequestro de car-
bono, suporte à biodiver-
sidade e serviços culturais
(Power, 2010). Dependendo
das práticas de gestão, a
agricultura pode também ser fonte de inúmeros
impactes negativos no ecossistema que reduzem
a sua capacidade de produzir serviços de ecos-
sistema incluindo a perda de habitat, erosão dos
solos, emissões de gases com efeito de estufa, etc.
Os
trade-offs
que podem ocorrer entre os serviços
de aprovisionamento e outros serviços de ecos-
sistema devem ser avaliados a diferentes escalas
espaciais e temporais e ainda através da capaci-
dade de restauro desses serviços.
Os serviços de ecossistema prestados pela biodi-
versidade, como a reciclagem de nutrientes, regu-
lação de pragas e polinização, sustentam a produ-
tividade agrícola. A preservação da biodiversidade
e das paisagens diversificadas do território euro-
organismos vivos e dos complexos ecológicos (i.e.
ecossistemas) que formam – está na base do fun-
cionamento de todos os ecossistemas e, por conse-
guinte, está na base do fornecimento dos serviços
dos ecossistemas. Todos os processos ecológicos
são o produto e dependem da variedade e das
interações entre diferentes grupos de organismos.
As funções dos ecossistemas são mais estáveis ao
longo do tempo, em ecossistemas com níveis rela-
tivamente elevados de biodiversidade (UK NEA,
2014). Em termos gerais, a análise de resultados
de vários estudos sugere que o nível e a estabili-
dade dos serviços dos ecossistemas tende a melho-
rar com o aumento da biodiversidade (Cardinale
et
al
., 2012). A biodiversidade
é assim uma componente
chave dos ecossistemas
multifuncionais.
A relação entre os serviços
dos ecossistemas e a bio-
diversidade tem sido ava-
liada, não apenas em ter-
mos de espécies, mas
também
de
genótipos,
populações e grupos fun-
cionais (Díaz
et al
., 2006).
A diversidade funcional é a
diversidade de atributos (i.e., características morfo-
lógicas, fisiológicas ou comportamentais das espé-
cies) e esta influencia o funcionamento do ecos-
sistema direta e indiretamente, o que em conjunto
determina os padrões de distribuição de espécies.
A diversidade funcional é uma das componentes
mais importantes da biodiversidade que afeta os
serviços dos ecossistemas (de Bello
et al
., 2010). A
análise de atributos funcionais tem sido muito útil
na identificação de ligações específicas entre espé-
cies e processos dos ecossistemas e, por sua vez,
entre os processos do ecossistema e a prestação de
serviços dos ecossistemas (Lavorel, 2013).
O valor da agricultura como setor multifuncional a
nível social, ambiental, patrimonial e económico
Os ecossistemas agrícolas … dependem
dos serviços dos ecossistemas fornecidos
pelas áreas naturais, incluindo
polinização, controle biológico de
pragas, manutenção da estrutura do
solo e fertilidade, serviços de reciclagem
de nutrientes e de água, etc. As
avaliações preliminares indicam que
o valor (económico, social e ecológico)
destes serviços dos ecossistemas para
a agricultura é enorme e, muitas vezes,
subestimado.