08/09/2022
O Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) apresentou a situação sobre a comercialização de cereais e respetiva evolução dos preços na 3.ª edição do “Mondego Agrícola, Feira das Culturas”, realizado a 6 de setembro de 2022 em Montemor-o-Velho.
- Consultar a apresentação do GPP (ppt)
Os conteúdos disponibilizados evidenciaram o panorama do setor dos cereais nos mercados mundial, da União Europeia e a nível nacional.
A nível mundial foram reportados dados estatísticos referentes à produção, consumo, stocks e previsões comerciais de trigo, milho, soja e arroz. Complementarmente, a referência ao índice de preços emitido pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) mostrou que a tendência de subida dos cereais está a inverter-se, com particular incidência do trigo, dado o recente acordo sobre exportação de cereais no Mar Negro. Esta tendência foi também confirmada pelos índices do International Grains Council (IGC) ainda que em proporções diferenciadas, indicando nomeadamente valores estáveis de cotações do arroz.
Para o mercado da União Europeia, e de acordo com as projeções partilhadas, salienta-se uma redução generalizada das áreas de cultivo (com exceção de trigo mole e cevada) e uma quebra da produção de milho. Entre os fatores determinantes para este reporte incluem-se os custos e disponibilidade de fatores de produção, assim como as condições climáticas. Ambos condicionantes das decisões dos agricultores e com reflexo nas projeções. Destaque também para as disponibilidades de stocks 2021/2022 superiores ao biénio 2021/2020 e ritmo de crescimento do consumo conduzirem a previsível redução de stocks finais para 2022/2023.
No que respeita ao mercado nacional, confirma-se a dependência de Portugal relativamente ao abastecimento de cereais para a alimentação animal e moagem. Prevê-se um aumento de 5% da área de milho e a manutenção da produtividade no arroz. Apesar dos elevados preços destes produtos, o custo elevado dos fatores de produção e as condições hidrológicas, condicionaram uma resposta mais expressiva de aumento de área e produção.
Nos últimos quatro anos a origem das importações de cereais recaiu sobretudo na Ucrânia (46%) e no Brasil (41%).
As atuais perspetivas para o futuro do setor dos cereais dependem, em grande parte, do conflito Rússia-Ucrânia que continua a agravar sobrecustos de energia, fertilizantes, logística e transportes. Mesmo perante este cenário de incerteza, estima-se, por exemplo: a continuação da redução dos preços de trigo, Porém, no caso do milho esta tendência pode vir a sofrer uma inversão na sequência da revisão em baixa das previsões de colheita, resultantes das condições meteorológicas; o aumento da procura do arroz para alimentação humana e animal; a influência oscilante da inflação na concretização do acordo do Mar Negro, em particular no abastecimento de economias mais frágeis; redução global de produção de cereais por força das alterações climáticas, em especial secas na Europa e Estados Unidos.