Solo, cozinha e mesa: cinco “receitas” para quatro questões
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Embora haja casos em que as ligações com os pro-
dutores foram estabelecidas com naturalidade, são
também manifestas dificuldades relativamente a
uma oferta regular por parte de pequenos produto-
res que detêm produtos de grande qualidade. São
sugeridas a possibilidade de criação de uma plata-
forma comum para estes produtores que permita
disponibilizar mais facilmente os seus produtos, e
o estabelecimento de uma logística de distribuição
que não esmague as suas margens, como, aliás, a
Comissão Europeia propôs recentemente. Ou ainda
a criação de oportunidades para visitas mútuas
entre produtores, investigadores e
chefs
, para esta-
belecerem pontes e conhecerem melhor as respe-
tivas realidades, de modo a conciliar e ultrapassar
estas disparidades entre oferta e procura.
A ligação à investigação faz-se de forma mais pon-
tual, à medida das necessidades de cada um, que
podem passar por uma mera estratégia de comu-
nicação, mas podem também corresponder a um
trabalho de fundo sólido e replicável, útil à comu-
nidade e com visão de futuro.
É possível fazer conviver diversas abordagens em
termos da oferta de boa gastronomia e muitos
chefs
/empresários apostam já neste caminho com
soluções para diversos tipos de público (e.g. oferta
gourmet
em locais mais populares e a preços mais
baixos, diversos tipos de festivais gastronómicos
de rua, presença em festivais de verão, etc.), sem
nunca comprometer a qualidade.
De salientar ainda o papel que atividades gastronó-
micas locais podem desempenhar na dinamização
dos territórios do ponto de vista não só económico,
mas também social, contribuindo assim para com-
bater a desertificação rural.