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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 9

SETEMBRO 2017

54

2. Os seus clientes estão dispostos a pagar mais

pela qualidade acrescida dos produtos que con-

somem ou a arriscar provar produtos menos

usuais?

3. Que sugestões tem para incentivar e melhorar

a ligação entre produtores primários e

chefs

? E

entre

chefs

e investigadores?

4. A gastronomia de qualidade deve permane-

cer um nicho de mercado ou devem procurar-

-se novas formas de a fazer chegar ao grande

público?

As “receitas”

José Avillez

[

depoimento recebido por escrito

]

BI

: José Avillez, 38 anos, cozinheiro,

chef

e criador

de diversos restaurantes; autor de livros (

Um Chef

em Sua Casa

;

Petiscar com Estilo

;

Cantinho do Avillez

– As Receitas

;

Combinações Improváveis

) e de pro-

gramas de rádio e televisão (

JA ao Lume

;

Combina-

ções Improváveis

e

O

Chef

Sou Eu

)

Destacando-se pelo espírito empreendedor, pela

vontade de ir mais além e pelo gosto pelo mundo

do espetáculo, José Avillez criou vários restauran-

tes em Lisboa e um no Porto, que revelam a sua

enorme paixão pela cozinha através de diferen-

tes experiências gastronómicas: o

Belcanto

(distin-

guido com duas estrelas Michelin e considerado

um dos cem melhores restaurantes do mundo na

lista “The World’s 50 Best Restaurants”), onde pra-

tica a cozinha que verdadeiramente o identifica e

apresenta a sua evolução criativa; o

Beco – Caba-

ret Gourmet

, um espaço boémio que cruza alta cozi-

nha e espetáculo; o

Mini Bar

, um bar gastronómico

no Teatro São Luiz; o

Bairro do Avillez

que integra

vários conceitos inspirados nos melhores sabores

portugueses no mais atípico dos bairros lisboetas,

embora tenha

Mercearia

,

Taberna

,

Páteo

e ainda

uma

Cantina Peruana

(com o

chef

Diego Muñoz);

o

Cantinho do Avillez

que são dois cantinhos, um

em Lisboa e outro no Porto, com cozinha de ins-

piração portuguesa e influências de múltiplas via-

gens; o

Café Lisboa

que surgiu da vontade de redi-

namizar o Largo de São Carlos e está inserido no

Teatro Nacional, estendendo-se numa esplanada;

e, finalmente, a

Pizzaria Lisboa

que corresponde a

um sonho de criança.

Em 2007, tinha criado o

take-away

JA em Casa

, que

ainda mantém. Desde o início da sua carreira, tem

recebido diversos prémios e participado em inúme-

ros eventos.

1. Tenho umgrande respeito pela tradição. Quando

estou a criar um prato, posso ir buscar inspira-

ção aos nossos sabores, mas não de uma forma

fundamentalista.

Aplico conhecimentos e técnicas de alta-cozi-

nha a receitas tradicionais, não com o objetivo

de as transformar, mas de as aperfeiçoar e de as

levar mais além. Dando um exemplo simples: os

conhecimentos que hoje temos sobre os pontos

de cozedura fazem toda a diferença na prepara-

ção de um peixe ou de um marisco.

2. Sim, se for um preço justo para a qualidade que

servimos. Os clientes estão cada vez mais sen-

síveis e atentos. Querem investir na qualidade,

não só de sabor, mas também no fator saúde.

3. Para melhorar a ligação entre todos, sugiro que

os produtores e os investigadores comam nos

restaurantes dos

chefs

e que estes, por sua vez,

visitem as produções e conheçam o trabalho

dos investigadores. Desta forma, ao conhecer-

mos o trabalho de todos, estaremos alinhados

e poderemos definir objetivos e trabalhar para

os atingir.

4. A gastronomia de qualidade deve chegar a

todos.

Bertílio Gomes

[

depoimento recebido por escrito

]

BI

: Bertílio Gomes, 40 anos, cozinheiro,

chef

e sócio

do

Chapitô à Mesa

, sócio e dinamizador da

Ice Gour-

met

, gelados artesanais; coautor do livro de gastro-