Solo, cozinha e mesa: cinco “receitas” para quatro questões
55
nomia
Algarve Mediterrânico: Tradição, Produtos e
Cozinhas
, com Maria Manuel Valagão e Vasco Célio.
Apaixonado pela cozinha tradicional e sensível às
questões da sustentabilidade, Bertílio Gomes ini-
ciou a sua formação na Escola João da Matta em
Lisboa, tendo-se especializado com mestres inter-
nacionais em escolas de renome, como o
Culinary
Institute of America
(Nova Iorque), a
École du Grand
Chocolat
(Lyon),
SolléGraells
(Barcelona) ou Angelo
Corvitto (Girona).
De regresso a Lisboa, inicia o percurso profissional
em 1995, passando por diversas experiências rele-
vantes:
Hotel da Lapa
,
Bica do Sapato
,
Faz Figura
,
Vir’gula
e
Casa da Comida
. Simultaneamente, par-
ticipa em inúmeros eventos e congressos gastro-
nómicos nacionais e internacionais (Congresso dos
Cozinheiros, Peixe em Lisboa, Lo Mejor de la Gas-
tronomia – San Sebastian, Forum Girona, Madrid
Fusion, Gastronoma – Valência, Terra Madre –
Turim, Slowfish – Génova), tendo sido também res-
ponsável pela programação gastronómica do pro-
jeto
Allgarve
.
Recebeu os prémios
Chef de l’Avenir
pela Academia
Internacional de Gastronomia em 2009 e
Jovem
Cozinheiro do Ano 1998
.
1. A boa articulação e convivência entre estes três
importantes elementos é fundamental para
assegurar um futuro saudável para a cultura de
uma nação. É consensual que a autenticidade
e a diferenciação são pontos essenciais na afir-
mação da identidade dos povos, resultando no
interesse turístico dos destinos, que por sua vez
contribui para o crescimento e estímulo das eco-
nomias e o desenvolvimento e bem-estar dos
países.
Neste sentido, é prioritário que a gastronomia
se desenvolva pelas mãos dos cozinheiros, atra-
vés de propostas culinárias alicerçadas nos pro-
dutos autóctones que mais diferenciem o nosso
território dos restantes. Por outro lado, o recei-
tuário tradicional é revelador das vivências
locais e da história, que em muito podem con-
tribuir para projetar e inspirar os cozinheiros na
criação de uma proposta culinária única, saudá-
vel e moderna.
2. De uma forma geral, todos os clientes estão
disponíveis para novas experiências, através
de novos produtos e técnicas. Sendo necessá-
rio haver um enquadramento e explicação ao
cliente do que irá comer, a relação qualidade/
preço normalmente é bem aceite, se a experiên-
cia corresponder à expetativa.
3. Em Portugal, a maior dificuldade dos cozinhei-
ros é conseguirem que os produtores primários
de diferentes geografias do país consigam asse-
gurar o fornecimento dos seus produtos de uma
forma regular aos restaurantes e hotéis. Normal-
mente, os produtores que têm os produtos dife-
renciadores de excelência não têm a capacidade
de distribuição e não dominam as técnicas do
marketing
e comunicação para valorizar e posi-
cionar os seus produtos num mercado compe-
titivo e dominado pelos grandes grupos empre-
sariais.
Para solucionar este problema, são fundamen-
tais duas coisas:
• Que seja criada uma plataforma digital de
divulgação e promoção de produtos e peque-
nos produtores;
• Que seja criada uma logística de distribuição
que apoie os pequenos produtores a coloca-
rem os seus produtos rapidamente no mer-
cado, otimizando recursos e custos.
No que diz respeito aos cozinheiros e investiga-
dores, vão aparecendo algumas parcerias, mas
mais numa vertente de imagem, com uma pers-
petiva de comunicação, que não revela um tra-
balho com substância e interesse, e que acaba
por não se traduzir em conhecimento partilhado
publicamente.
Esta relação deve ser promovida pelos ministé-
rios e institutos dentro de cada especialidade.