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Agricultura e Biodiversidade

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rios usufrutuários e arrendatários rurais, as entida-

des concessionárias de zonas de caça e os caça-

dores”.

Consequentemente, é também declarado que o

sucesso da conservação do felino está particular-

mente associado à “compatibilização e estabeleci-

mento de sinergias entre as atividades agrícola, flo-

restal e cinegética” e, por isso, pede o envolvimento

e o comprometimento de todos os intervenientes,

“em particular dos agentes ligados ao setor agrí-

cola, florestal e da caça, estabelecendo uma base

de entendimento e de mútua confiança entre as

partes, definindo um referencial de procedimentos,

estável e transparente naquilo que concerne à con-

servação do lince ibérico”.

Foi esta postura construtiva e dialogante por parte

da Administração, à qual é fundamental dar conti-

nuidade, que tem permitido o sucesso da reintro-

dução do lince-ibérico em Portugal, com o esta-

belecimento de um núcleo populacional estável e

cada vez mais numeroso.

Rede Natura 2000

Os agricultores que desenvolvem a sua atividade

em áreas abrangidas pela Rede Natura veem a sua

atividade condicionada por regulamentação que

visa assegurar a conservação das espécies e dos

habitats mais ameaçados da Europa.

Até 2015, os custos adicionais e a perda de ren-

dimentos associados à implementação da Rede

Natura nas áreas agrícolas foram totalmente supor-

tados pelos agricultores, já que não existiram, até

essa data, instrumentos de política minimamente

eficazes na compensação dessas condicionantes.

Só com a entrada em vigor do atual Programa

de Desenvolvimento Rural, o PDR 2020, no qual

se prevê, pela primeira vez em Portugal, o paga-

mento de um apoio para compensação das restri-

ções impostas à atividade agrícola nas explorações

localizadas dentro da Rede Natura, foi dado um

primeiro passo no sentido de atenuar a situação

injusta a que estes agricultores estavam sujeitos.

Apesar de os montantes dos apoios, previstos no

âmbito da Operação 7.3.1 «Pagamento Natura»,

ficarem muito aquém dos custos suportados pela

maioria dos agricultores, a forma simples e expe-

dita como foi implementada, tornou-a bastante

atrativa para os agricultores.

Dado o sucesso desta medida, em futuros progra-

mas de desenvolvimento rural deverão ser reforça-

dos os montantes dos apoios a atribuir e estender

a sua abrangência a toda a área agrícola inserida

em Rede Natura.

Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural

A enorme riqueza em ecossistemas agrícolas que

Portugal Continental possui não se restringe às

áreas em Rede Natura, pois os sistemas de agri-

cultura extensiva que estão na base desses valio-

sos ecossistemas cobrem grande parte da superfí-

cie agrícola nacional.

Estes sistemas, que se caracterizam por um redu-

zido nível de intensidade produtiva e um elevado

nível de biodiversidade que depende da manuten-

ção de práticas agrícolas tradicionais realizadas ao

longo dos anos, incluem pastagens permanentes

seminaturais, áreas de montado e de culturas per-

manentes tradicionais, assim como pseudo-este-

pes cerealíferas, associadas a longos períodos de

pousio.

Assim sendo, nestes agroecossistemas a biodiversi-

dade está ameaçada tanto pelo abandono da ativi-

dade agrícola, como pela intensificação da mesma,

pelo que é indispensável o apoio financeiro a estas

explorações de modo a assegurar a sua sustentabi-

lidade económica e ambiental.

De uma forma geral, todos estes sistemas têm

sido apoiados através dos diversos programas de

desenvolvimento rural, com exceção do PRODER,