cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR
N.º 8
JUNHO 2017
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tanto no que respeita ao meio físico em que se inse-
rem, como ao tipo de atividades nelas praticadas, a
adoção por parte dos agricultores de medidas pre-
servadoras e promotoras da biodiversidade tem
de ter ajustamentos aplicados à realidade de cada
setor e às especificidades de cada território.
Foram selecionadas dezasseis explorações agríco-
las, que representam diferentes fileiras com expres-
são económica relevante e características da região
em que se inserem, caracterizadas na tabela que se
segue (CAP
et al
., 2013):
Com este trabalho, não se pretendeu comparar a
biodiversidade entre diferentes tipos de explora-
ção agrícola, mas caracterizar a biodiversidade que
pode estar associada a cada um dos tipos de pro-
dução agrícola analisada.
Na primeira fase do projeto, foi feito um inventário
inicial da biodiversidade em cada uma das explo-
rações agrícolas selecionadas, tendo-se utilizado
como indicadores os grupos faunísticos dos anfí-
bios, répteis, aves, lepidópteros e morcegos.
No Gráfico 1, apresentam-se os resultados de cada
uma das explorações para a globalidade dos gru-
pos faunísticos inventariados.
Numa avaliação global dos resultados referentes ao
número de espécies (riqueza específica) na totali-
dade das explorações amostradas e para o total dos
grupos amostrados, verificou-se que as pastagens
foram as que apresentaram maior biodiversidade.
Estas explorações têm um regime extensivo, que
permite que os habitats nelas inseridos se aproxi-
mem muito do seu estado natural.
Seguiram-se as explorações com culturas perma-
nentes, que ao longo dos anos não sofrem mudan-
ças muito significativas no habitat. Nestas explora-
ções, quanto maior o número de estruturas naturais
(bosquetes, orlas, sebes, zonas ripícolas, char-
cos entre outras) ou artificiais (charcas agrícolas,
muros de pedra, marouços, caixas – ninho/abrigo,
entre outras) que fomentam a biodiversidade pre-
sentes nas explorações, maior foi a riqueza especí-
fica encontrada.
De uma forma geral, as explorações mais intensi-
vas, com culturas anuais, onde
existiu uma alteração mais
significativa e frequente do
habitat em que se inseriam,
foram as que apresentaram
uma menor riqueza especí-
fica global.
A exceção a este caso foi a
exploração com milho para
grão, muito provavelmente
graças à sua proximidade da
margem do rio Tejo, onde
foram preservadas as gale-
rias ripícolas e bosquetes
bem desenvolvidos que fun-
cionaram como zonas de ali-
mentação e abrigo a muitas
espécies.
Gráfico 1:
Riqueza específica global, que representa o número total de espécies
registado para cada exploração, em 2013 (CAP
et al
., 2013)
0
20
40
60
80
100
120
Pastagens ovinos
Pastagens bovinos
Arroz
Tomate
Vinha
Vinha soc. s/rega
Vinha soc. c/rega
Olival tradicional
Olival intensivo
Citrinos
Cereja
Castanha
Anfíbios Répteis Borboletas Morcegos Aves
Pera Rocha
Milho silagem
Milho grão
Riqueza específica global