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Agricultura e biodiversidade: uma diversidade de temas

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cas do interior da floresta (por oposição às espé-

cies de orla, que poderão ser beneficiadas); deste

modo, a diversidade alfa da comunidade florestal

poderá diminuir.

Contudo, cria-se uma elevada heterogeneidade

entre ecossistemas à escala da paisagem: 1) entre

a comunidade florestal e as comunidades aber-

tas criadas pela intervenção humana; e 2) entre

as diversas manchas de comunidades abertas em

diferentes momentos da sucessão ecológica post-

-fogo, post-pastoreio ou post-lavoura (fases herbá-

ceas, subarbustivas, arbustivas e florestais). Cresce,

assim, a diversidade beta, isto é diversidade de

elenco de espécies entre ecossistemas, e apare-

cem novas espécies, que ocupam os habitats aber-

tos (previamente inexistentes ou mais exíguos). Se

estas novas espécies dos espaços abertos supera-

rem, em número, as espécies florestais interiores

que eventualmente sofram extinção local, crescerá

também a diversidade gama (i.e., ao nível da pai-

sagem).

Neste balanço de espécies ganhas e perdidas, há

que ter em conta o estatuto de conservação das

diversas espécies a níveis hierarquicamente supe-

riores, isto é, ao nível nacional, regional ou mesmo

global.

Neste tipo de avaliação das espécies ganhas e per-

didas, diversos biólogos da conservação invocam

frequentemente o estatuto pouco valioso (

weedy

)

das espécies ganhas com a intervenção humana

para chegarem a uma avaliação essencialmente

negativa do impacte desta intervenção na biodiver-

sidade. Nas palavras de Noss e Csuti (1997), ”A sub-

divisão ou fragmentação de habitats pode aumen-

tar o número de espécies, mas frequentemente

favorece espécies

weedy

– isto é, aquelas que pros-

peram em áreas perturbadas pelo homem – relati-

vamente às espécies mais sensíveis. Muitas reser-

vas naturais pequenas e isoladas são bastante ricas

em espécies, mas as espécies exóticas e oportunis-

tas substituíram espécies nativas, que foram con-

duzidas à extinção local (...). Deste modo, o rácio

de espécies exóticas face às nativas e a análise, ao

nível populacional, de extinções e colonizações são

frequentemente mais úteis para o planeamento e

gestão da conservação do que a simples evolução

do número de espécies.” (p. 284). Contudo, se este

é ou não o caso só pode ser determinado empiri-

camente. E, no caso de muitas AAEVN na Europa,

muitas das espécies ganhas apresentam, de facto,

um elevado estatuto de conservação, frequente-

mente maior do que o de muitas das espécies flo-

restais naturalmente ocorrentes na área. A refe-

rência anterior às AAEVN na Europa, cuja preciosa

biodiversidade está ameaçada quer pela intensi-

ficação agrícola quer pelo abandono (isto é, pela

renaturalização), mostra alguns limites à aplicação

generalizada daquela avaliação negativa dos biólo-

gos da conservação, geralmente americanos, face

ao impacte dos sistemas agrários na biodiversi-

dade. Nomeadamente em contextos, como deter-

minadas áreas europeias, em que está em causa

um processo generalizado de abandono agrícola e

retoma da sucessão secundária (e não uma expan-

são de área agrícola por conversão de ecossistemas

naturais, como acontece, por exemplo, em zonas de

floresta tropical), a avaliação do impacte dos siste-

mas agrários na biodiversidade parece ser, assim,

mais complexa e matizada.

Se levarmos o nosso exemplo um pouco mais longe,

poderemos prever uma fase subsequente da ocu-

pação humana em que a floresta natural é progres-

sivamente fragmentada e, finalmente, eliminada

da paisagem, sendo substituída por formações

abertas, dominadas por cultivos extensivos, pou-

sios e/ou pastagens. As espécies mais dependen-

tes do coberto arbóreo terão agora desaparecido.

A diversidade beta (anterior contraste entre man-

chas/comunidades florestais e espaços abertos)

será agora menor, mas poderão ter aparecido novas

espécies dependentes de grandes espaços abertos

estepários. No que se refere ao número de espé-

cies à escala da paisagem (diversidade gama), ele

será provavelmente menor do que no ecossistema