No encontro virtual do FFA2021, o Diretor Geral da FAO, Qu Dongyu alertou para os riscos que o mundo enfrenta face a uma convergência de fatores, que, se ignorados, poderão impedir acabar com a fome e desnutrição global em todas as suas formas.
Os atuais padrões de consumo e sistemas agroalimentares contribuem para elevadas taxas de desperdício e perda de alimentos, poluição do ar, emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade, mas constituem também uma fonte crescente de desigualdade, havendo uma necessidade urgente de “fazer as coisas de maneira diferente e agir de forma holística para transformar nossos sistemas agroalimentares”.
A FAO continua a fortalecer a colaboração com a UE na transformação dos sistemas agroalimentares, sendo também o setor privado um aliado fundamental na luta contra a fome, fornecendo soluções inovadoras, ferramentas, recursos, conhecimento e tecnologias para alcançar mudanças transformadoras no terreno. As tecnologias emergentes já estão a promover a mudança no setor alimentar e na agricultura, mas é primordial ajudar os agricultores a aproveitar ao máximo as novas tecnologias para aumentar a produção de alimentos, respeitando o meio ambiente. De acordo com o Diretor-Geral da FAO, a pandemia COVID-19 veio alertar para as vulnerabilidades dos sistemas agroalimentares, mas proporcionou a oportunidade de reavaliar a abordagem das causas profundas de fome e desenvolver resiliência contra ameaças semelhantes no futuro, devendo-se transformar os sistemas agroalimentares para fornecer uma população crescente com dietas saudáveis e acessíveis, mas de uma forma que seja simultaneamente rentável e amiga do ambiente.
Frans Timmermans, Comissário Europeu responsável pelo Acordo Verde, afirmou no encerramento do encontro que será necessária uma mudança fundamental e sistémica na forma como os alimentos são produzidos. Muitas das medidas consideradas essenciais para salvaguardar a produção de alimentos no mundo em desenvolvimento, estão associadas à abordagem das consequências da crise climática e da crise da biodiversidade. Além da necessidade de criar as condições adequadas para o investimento nos países em desenvolvimento de forma a se adaptarem às alterações climáticas que já ocorreram, o mundo desenvolvido precisa "garantir que temos transferências de tecnologia suficientes para permitir que os sistemas agrícolas dos países em desenvolvimento lucrem com a mesma tecnologia”.
O papel do Acordo Verde e da Estratégia Farm to Fork nesta matéria foi salientado pelo Secretário-geral da ONU, António Guterres em mensagem ao FFA2021, quando se pretende trabalhar de forma mais estreita e eficaz para transformar os sistemas alimentares sem deixar ninguém para trás e gerar ganhos em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A importância destas estratégias lançadas em 2020 e da segurança alimentar e de sistemas alimentares robustos e resilientes que garantam o acesso ao abastecimento de alimentos produzidos de forma sustentável com alta qualidade e a preços razoáveis, foi também salientada pelo Comissário da Agricultura da UE, Janusz Wojciechowski, âmbito em que a política agrícola já oferece uma ampla variedade de bens públicos, principalmente por meio dos programas de Desenvolvimento Rural e que com a reforma em curso, poderá contribuir para que a agricultura responda às necessidades da sociedade.