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A diferenciação no setor cerealífero aliada à panificação artesanal

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das, os únicos aptos para a elaboração de papas

de bebé. Estes cereais beneficiam de um acrés-

cimo, por tonelada, de cerca de 30 euros face aos

cereais convencionais, pelo que têm sido também

uma boa aposta [4].

Diversidade numa ótica de valorização

sustentável

Numa lógica de valorização de um produto tradi-

cional em todo o mundo como é o pão, pelo seu

valor cultural, gastronómico e pelo seu potencial

para ser um produto extre-

mamente saudável, venho

defender uma produção

sustentável

de

cereais

panificáveis aliada à pani-

ficação artesanal de qua-

lidade. Enquanto para a

indústria a qualidade dos

cereais é definida ape-

nas por alguns parâme-

tros estandardizados que

excluem por completo o

sabor e o aroma, venho

apelar a uma abordagem

mais próxima da que existe

para os vinhos. Para além dos inúmeros proces-

sos possíveis para a elaboração do vinho, as cas-

tas e o

terroir

que envolve o seu cultivo são parâ-

metros que se sabem importantíssimos para as

características organolépticas do vinho. A verdade

é que, tal como no mundo vinícola somos riquíssi-

mos em diversidade, também nos cereais abunda-

mos em variedades regionais, interessantíssimas

e adaptadas às suas regiões de cultivo. Varieda-

des essas que, aliadas a uma agricultura com baixa

utilização de fatores de produção, possivelmente

beneficiando de certificados como o de agricultura

biológica, satisfazem nichos de mercado em cres-

cimento. Estes nichos valorizam produtos de alto

valor nutricional, biológicos, sustentáveis, tradicio-

nais, responsáveis, nacionais… e todos estes parâ-

metros são satisfeitos pelos cereais que proponho

serem produzidos.

Para o padeiro que visa uma panificação artesa-

nal de qualidade, uma maior variedade de cereais,

cultivados numa maior diversidade de

terroirs

sig-

nifica um mundo incalculável de sabores e combi-

nações. Tal como no vinho, para além das carac-

terísticas endógenas à própria variedade, o

terroir

tem uma grande influência sobre as características

do cereal em questão. Os processos pelos quais se

transformam grãos em pão, passando por todas as

etapas: a moagem, a amassadura, a fermentação,

a cozedura…, com todas as

diferentes formas de as exe-

cutar, criam uma miríade

de possibilidades. Poderá

parecer que o consumidor

português não valorizaria

todas estas pequenas

nuan-

ces

, pois o pão é visto, usual-

mente, como um alimento

generalizado, barato e de

conveniência. No entanto,

há que observar que tem

havido, ao longo dos últi-

mos anos, um grande foco

na gastronomia. Graças ao

enorme crescimento que se tem verificado em ter-

mos de conteúdos gastronómicos, seja em livros,

programas de televisão, redes sociais, revistas ou

Figura 1:

Broa de milho “pigarro” do Minho (ingredientes:

milho branco “pigarro”, centeio “verde”, água e sal marinho

da Figueira da Foz) e Pão de trigo “barbela” de Trás-os-Montes

(ingredientes: trigo “barbela”, água e sal marinho da Figueira

da Foz)

Fonte:

Gleba – Moagem e Padaria

Para o padeiro que visa uma panificação

artesanal de qualidade, uma maior

variedade de cereais, cultivados numa

maior diversidade de terroirs significa

um mundo incalculável de sabores e

combinações.

Os processos pelos quais se transformam

grãos em pão, passando por todas as

etapas: a moagem, a amassadura, a

fermentação, a cozedura…, com todas as

diferentes formas de as executar, criam

uma miríade de possibilidades.