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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 8

JUNHO 2017

74

Globalmente, no Continente e nas Regiões Autóno-

mas, as áreas protegidas designadas ao abrigo de

legislação nacional, integrando a RNAP e as tipolo-

gias de AP dos Açores e da Madeira, abrangem cerca

de 841 000 ha de superfície terrestre e 24 857 388

ha de superfície marinha (coluna de água e/ou leito

marinho), correspondendo a área marinha protegida

a quase três vezes a área terrestre nacional

1

.

A Rede Natura 2000 é composta, em Portugal conti-

nental, por 62 Sítios de Interesse Comunitário (SIC) e

42 Zonas de Proteção Especial para a Avifauna (ZPE),

abrangendo uma área total terrestre de 1 891 399 ha,

correspondendo a cerca de 21% do território con-

tinental, ao qual acrescem 2 931 463 ha marinhos.

Nos Açores, estão classificados 26 SIC e 15 ZPE e na

Madeira 19 SIC e 5 ZPE, abrangendo uma área total

de 71 531 ha e 845 370 ha, respetivamente.

Globalmente, estão designados em todo o espaço

terrestre e marítimo nacional 107 sítios no âmbito da

Diretiva Habitats e 62 ZPE no âmbito da Diretiva Aves,

correspondendo a uma área total de 5 739 764 ha.

Em Portugal Continental cerca de 85% das áreas

classificadas abrangem, no meio terrestre, solos com

ocupação agrícola ou florestal, assim como pasta-

gens, o que reflete a natureza e os desafios da sua

gestão, merecendo também referência que cerca de

75% das zonas húmidas e costeiras de Portugal se

encontram integrados nalguma tipologia de área

classificada.

A biodiversidade

Os dois principais processos de avaliação disponíveis

que fornecem informações indicativas do estado da

biodiversidade em Portugal (Continente e arquipé-

lagos dos Açores e da Madeira) consistem na avalia-

ção periódica do estado de conservação das espé-

cies e dos habitas naturais protegidos no âmbito das

Diretivas Aves (Diretiva 79/409/CEE) e Habitats (Dire-

1

ICNF, CDDA (

Common Database on Designated Areas

)/

Agência Europeia do Ambiente, dezembro de 2016

tiva 92/43/CEE), cujo conhecimento e monitorização

constituem uma prioridade nacional, e nas avalia-

ções pontuais do risco de extinção de espécies, vul-

garmente designados por Listas ou Livros Vermelhos,

que recorrem a metodologias padrão estabelecidas

e reconhecidas a nível internacional, e desenvolvi-

das pela União Internacional para a Conservação da

Natureza (IUCN, na sigla inglesa).

A informação obtida para o efeito e que a seguir se

apresenta é baseada em dados de natureza cientí-

fica e, apesar de não dizer respeito à globalidade das

espécies da flora e da fauna que ocorrem em Por-

tugal, é considerada uma aproximação razoável ao

estado geral de conservação, particularmente para a

fauna de vertebrados (com exceção dos peixes mari-

nhos).

Considera-se igualmente representativa a expres-

são das pressões e ameaças identificadas, as quais

dão conta de uma tipologia de problemas que, com

maior ou menor intensidade, afetam ou podem vir a

afetar os valores naturais, num horizonte temporal

de seis a doze anos.

O estado de conservação das espécies e

habitats naturais protegidos a nível da

União Europeia

No âmbito da elaboração do Relatório Nacional de

Aplicação da Diretiva Habitats para o período 2007-

2012, foram realizadas avaliações globais ao estado

de conservação de 324 espécies (191 da flora e 133

da fauna

2

, excluindo as aves) e 99 habitats naturais e

seminaturais. Este Relatório, com uma estrutura pre-

viamente definida pela Comissão Europeia, assim

como os critérios e conceitos utilizados, integra infor-

mação relativa às três regiões biogeográficas terres-

tres em que Portugal se insere, designadamente

Atlântica (ATL), Mediterrânica (MED) e Macaronésia

(MAC), e ainda às duas regiões marinhas, Mar Atlân-

tico (MATL) e Mar da Macaronésia (MMAC). São con-

2

Moluscos, artrópodes, peixes, anfíbios, répteis e mamífe-

ros.