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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 8

JUNHO 2017

106

O relatório do TCE de auditoria à implementa-

ção da rede Natura 2000 pretendeu avaliar se esta

foi I) gerida, II) financiada e III) acompanhada de

forma adequada. A auditoria abrangeu cinco Esta-

dos-Membros (França, Alemanha, Espanha, Poló-

nia e Roménia, que incluem oito das nove regiões

biogeográficas da UE

1

) e 24 sítios Natura 2000, e

incluiu visitas, inquéritos e consultas (a associações

de agricultores e ONG), para além de inquérito a

todos os EM relativo aos sistemas de gestão e finan-

ciamento público utilizados.

Síntese das observações da auditoria:

I. Os Estados-Membros não geriram suficiente-

mente bem a rede Natura 2000

a) A coordenação entre as autoridades e as par-

tes interessadas nos Estados-Membros não

foi suficientemente desenvolvida (incluindo o

envolvimento no planeamento dos utilizado-

res e proprietários de terras e a cooperação

entre países vizinhos que partilham habitats e

espécies).

b) As medidas de conservação necessárias foram

adiadas demasiadas vezes ou definidas de

forma inadequada pelos Estados-Membros.

c) Os Estados-Membros visitados não avaliaram

de forma adequada o impacto dos projetos

nos sítios Natura 2000 (documentação insufi-

ciente, falta de pessoal qualificado, não avalia-

ção do impacto em todas as espécies e habi-

tats, não avaliação dos efeitos cumulativos)

d) A Comissão supervisionou ativamente a imple-

mentação da rede Natura 2000 (elaboração de

documentos de orientação que, no entanto,

não foram muito utilizados pelos EM)

1

A auditoria abrangeu Estados-Membros com territórios

nas regiões Alpina, Atlântica, do Mar Negro, Continental,

Macaronésica, Mediterrânica, Panónica e Estépica. O Tri-

bunal não visitou nenhum Estado-Membro com território

na região Boreal.

II. Os fundos da UE não foram bem mobilizados

para apoiar a gestão da rede Natura 2000

a) Os quadros de ação prioritária não davam

uma imagem fiável dos custos da rede Natura

2000

i) Não existem estimativas fiáveis dos fun-

dos da UE utilizados na rede Natura 2000

durante o período de programação de 2007-

2013;

ii) A avaliação das necessidades de financia-

mento para o período de programação de

2014-2020 não foi rigorosa nem exaustiva;

b) Os documentos de programação de 2014-2020

relativos aos diversos fundos da UE não refle-

tem totalmente as necessidades identificadas

nos quadros de ação prioritária, limitando a

sua utilidade;

c) Os regimes de financiamento da UE não foram

suficientemente adaptados aos objetivos dos

sítios Natura 2000; os fundos do FEADER,

FEDER e LIFE representaram mais de 90% do

financiamento da UE para a rede Natura 2000,

sendo usados principalmente para gestão dos

habitats e no acompanhamento dos sítios;

III. Os sistemas de acompanhamento e de comuni-

cação de informações não eram adequados ao for-

necimento de informações exaustivas sobre a eficá-

cia da rede Natura 2000

a) Não existia um sistema específico de indi-

cadores de desempenho para a rede Natura

2000, com uma abordagem comum para os

diferentes programas e fundos; os indicadores

incidiam essencialmente nos recursos e reali-

zações, mais do que nos resultados.

b) A execução dos planos de acompanhamento

da rede Natura 2000 não foi adequada; os

planos de gestão não continham indicadores,

objetivos quantificados, nem metas adequa-

dos