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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 9

SETEMBRO 2017

72

Do quadro seguinte, constam os indicadores que

definem o conceito de

Índice global de segurança

alimentar (GFSI)

desenvolvido pelo

The Economist

(Intelligence Unit)

e disponível atualmente para

113 países [4]. Como se pode constatar, Portugal

encontra-se bem posicionado, designadamente

ocupando o lugar de topo no que concerne à qua-

lidade nutricional e segurança, parâmetro que

mede a variedade e qualidade nutricional da dieta

média, bem como o nível de segurança alimentar.

Este indicador, compósito, é calculado a partir da

diversificação da dieta (percentagem de alimentos

não amiláceos), do padrão nutricional (existência

ou ausência de diretrizes nutricionais nacionais,

existência ou ausência de estratégia nacional de

nutrição e existência ou ausência de monitoriza-

ção e vigilância regulares do estado nutricional das

populações), da disponibilidade em micronutrien-

tes na dieta (vitamina A e ferro) e qualidade da pro-

teína ingerida (presença de 9 aminoácidos essen-

ciais na dieta média, digestibilidade da proteína e

porção média consumida de cada alimento que

contribua com proteína) [4].

Indicador

Posição Índice (%)

Acessibilidade

29

76,2

Disponibilidade

13

79,9

Qualidade nutricional e segurança

1

89,7

Índice global de segurança alimentar (*)

14

80.0

* GFSI, Global Food Security Index

Fonte:

The Economist, Intelligence Unit, 2016

[4]

Refira-se também a posição ocupada relativamente

à disponibilidade de alimentos para consumo (13ª),

que mede a soberania alimentar nacional, o risco

de quebra na cadeia de abastecimento, a capaci-

dade nacional de distribuir alimentos, bem como

os recursos alocados à investigação agrária e à

melhoria das produções agrícolas. Neste parâme-

tro, o melhor desempenho cabe aos EUA (87,4%)

e o pior à Serra Leoa (22,9%). Portugal classifica-se

acima da Dinamarca (77,7%), da Áustria (75,6%) e

da Bélgica (72,7%) e logo abaixo da Suíça (81,7%),

do Reino Unido (82,6%) e da França (82,7%) [4].

Por último, em termos de acessibilidade aos alimen-

tos, Portugal situa-se na 29ª posição, ligeiramente

abaixo da Noruega (77,7%) e acima da Polónia

(75,6%) e da Grécia (69,6%). Este parâmetro mede a

capacidade dos consumidores para adquirirem ali-

mentos, integrando indicadores como percentagem

dos gastos com alimentação, percentagem de popu-

lação abaixo do limiar de pobreza, PIB

per capita

e

acesso dos agricultores a financiamento [4].

O recente Inquérito Alimentar Nacional e de Ativi-

dade Física (IAN-AF, 2015/16) [5], aplicado a uma

amostra representativa da população, dá-nos um

retrato menos alarmista do que o esperado e, por-

tanto, uma situação sob controlo, ainda que care-

cendo de atenção.

Com efeito, em 2015-2016, a adesão ao padrão

alimentar mediterrânico é elevada para 27,8% da

população, moderada para 41,4% e baixa para

30,8%. Por outras palavras, quase 70% da popula-

ção portuguesa registou níveis elevados ou mode-

rados de adesão à DM.

Neste mesmo sentido, apontam outros dados

revelados pelo IAN-AF [5]: a esmagadora maioria

dos portugueses (>95%) toma pequeno-almoço,

almoço e jantar; o lanche é muito frequente (83,8%)

e mais de metade dos inquiridos (55%) consomem

ainda uma merenda a meio da manhã. Estes hábi-

tos alimentares, com várias refeições ao longo do

dia, estão de acordo com as recomendações para

o padrão alimentar mediterrânico.

Do ponto de vista etário, os maiores níveis de ade-

são à DM são observados nos indivíduos do género

masculino, com mais de 65 anos. Os adolescentes

constituem a faixa etária de mais baixa adesão, pro-

blemática esta que é transversal aos restantes paí-

ses do sul da Europa [5,6,7].

Neste momento, estamos confrontados com uma

situação no mínimo paradoxal: sabemos que a DM

apresenta claros benefícios para a saúde, consti-