cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR
N.º 8
JUNHO 2017
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água e a proliferação de espécies exóticas invasoras,
não obstante os investimentos em sistemas de pas-
sagens para peixes em açudes e barragens efetuados
há mais de uma década.
Mais recentemente, em 2013, foi publicado o Atlas
e Livro Vermelho dos Briófitos Ameaçados de Por-
tugal (Sérgio
et al.,
2013
11
), sob coordenação do
Museu Nacional de História Natural e da Ciência, na
sequência de uma Lista Vermelha elaborada para
o mesmo grupo e publicada em 1994. A avaliação
do estatuto de ameaça seguiu as orientações da
IUCN para a aplicação ao nível regional dos crité-
rios e categorias de ameaça e as adaptações para a
Europa, de acordo com os conceitos propostos por
Hallingbäck
et al.
(1995)
12
, por Sérgio
et al.
(2007)
13
e por Garilleti & Albertos (2012)
14
.
11
Sérgio C, Garcia CA, Sim-Sim M, Vieira C, Hespanhol H &
Stow S (2013)
Atlas e Livro Vermelho dos Briófitos Amea-
çados de Portugal
(Atlas and Red Data Book of Threte-
ned Bryophytes of Portugal). MUHNAC. Documenta. Lis-
boa. 464 pp.
12
Hallingbäck T, Hodgetts NG & Urmi E (1995) How to apply
the new IUCN Red List Categories to Bryophytes.
Species
24: 37-41.
13
Sérgio C, Brugués M, Cros RM, Casas C & Garcia C (2007)
The 2006 Red List and an update checklist of bryophytes
of the Iberian Peninsula (Portugal, Spain and Andorra).
Lindbergia
31: 109-126.
14
Garilleti R & Albertos B (Coords.) (2012)
Atlas de los brió-
fitos amenazados de España
. Universitat de València.
http://www.uv.es/abraesp.Em Portugal Continental, foram ava-
liados 704
taxa
dos quais 12 (1,7%)
foram considerados “Regionalmente
Extintos – RE” e 200 (28,4%) ameaça-
dos [42 (6%) “Criticamente em Perigo
– CR”, 80 (11,3%) “Em Perigo – EN” e
78 (11,1%) “Vulnerável – VU”]. 30
taxa
(cerca de 4,3%) são considerados
“Quase ameaçados – NT”, 347 (49,3%)
foram colocados na categoria “Pouco
Preocupante – LC” e 115 (16,3%) apre-
sentam “Informação Insuficiente – DD
e DD-n” (Figura 17).
As principais ameaças sobre os briófitos estão asso-
ciadas a práticas de silvicultura não sustentável,
incluindo o recurso a espécies não nativas, a alte-
rações de práticas agrícolas e aos fogos florestais.
Expansão urbana e infraestruturas rodoviárias, dre-
nagem, alterações do ciclo hidrológico e espécies
invasoras são também indicadas como importantes
ameaças (Sérgio
et al.,
2013).
Não foi ainda efetuada em Portugal uma avaliação
do estatuto de ameaça das cerca de 4 000 espécies
da flora vascular selvagem que ocorrem no território
nacional
15
, nos termos metodológicos da já concre-
15
Ver checklist das espécies de flora vascular de Portugal
Continental e dos arquipélagos dos Açores e Madeira em:
Figura 17:
Percentagem de briófitos por categoria de
ameaça
Fonte:
Sérgio C, Garcia CA, Sim-Sim M, Vieira C, Hespanhol H & Stow S, 2013. Atlas e Livro Vermelho dos
Briófitos Ameaçados de Portugal. MUHNAC
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Repteis
(n=1)
Aves (n=34) Mamfferos
Acores
(n=18)
Repteis
(n=3)
Aves (n=39) Mamfferos
Madeira
(n=16)
a
DD
•
LC
a
NT
vu
•
EN
•
CR
a RE
Figura 16:
Percentagem de taxa por categoria de ameaça, em cada grupo
avaliado, nos Açores e Madeira
Entre parêntesis é apresentado o número de avaliações efetuadas
Fonte:
ICN, 2005. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal)