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7 A indústria agroalimentar desempenha um papel essencial na economia global, contribuindo para a segurança alimentar com o fornecimento de alimentos seguros e saudáveis às populações e criando valor a partir de matérias-primas agrícolas, que em grande parte, no caso de Portugal, são recursos endógenos. Nas economias mais desenvolvidas, tem vindo a ocorrer um processo de redução da importância do setor industrial na economia, ou mesmo uma desindustrialização, com reflexos no valor e criação de emprego e de “fragmentação” do processo produtivo e do valor acrescentado com impactos em regiões outrora especializadas neste setor de atividade. Esta evolução resulta de um conjunto de fatores diversificado, quer de natureza setorial, quer resultante de pressões externas. Por um lado, a introdução de tecnologias e os aumentos de produtividade reduzem a necessidade de emprego, por outro lado, a divisão do trabalho ocorre não só entre indústrias mas também dentro das indústrias – a produção de um bem pode ser assegurada a partir de várias origens internacionais. São ainda de destacar as vantagens concorrenciais dos países em desenvolvimento que aproveitam os seus menores custos do trabalho e a facilidade de aquisição de capital e tecnologia. Por outro lado ainda, surge uma oferta crescente de novos empregos nos serviços (com maior conteúdo tecnológico) exigindo mão de obra mais qualificada com uma maior valorização salarial. Ou seja, verifica- -se um percurso em alguns subsetores da indústria similar ao que ocorreu com a agricultura no século passado. No entanto, é de apontar que este processo não é totalmente segmentável, tendo em conta que existe uma cada vez maior integração dos serviços nas fases da produção primária e da transformação. Cada vez mais, devemos apontar para a existência de cadeias de valor ou sistemas e não tanto para setores que estão organizados de forma linear. Neste contexto, é de destacar a evolução positiva do valor acrescentado da indústria agroalimentar nacional, com uma tendência de crescimento superior à da economia e em contraste com o decrescimento da indústria transformadora, revelando uma grande capacidade de resistir aos choques exógenos, como a crise de 2008, de que recuperou rapidamente, e a resiliência face à pandemia de COVID-19. Também a manutenção da capacidade de gerar emprego é de assinalar, tendo-se verificado nos últimos 10 anos valores em torno dos 110 mil trabalhadores. Este papel é particularmente determinante no que toca ao autoabastecimento alimentar, às exportações Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP

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