Newsletter n.º 53
30 março 2021

 

REFORMA DA PAC | Acordo de princípio nas negociações conduzidas pela Presidência Portuguesa

Numa semana marcada por uma agenda de negociações no Conselho AGRIFISH e de um ‘super trílogo’, em que a Presidência Portuguesa apresentou propostas de pacotes de compromisso com o objetivo de possibilitar um debate sobre os três regulamentos da PAC, foi alcançado um conjunto de acordos de princípio em aspetos importantes da reforma, revelando a cooperação entre as três instituições – Conselho, Comissão e Parlamento Europeu.

A Presidência Portuguesa pretende que haja um acordo político até ao final do semestre, de forma a possibilitar a preparação e aprovação atempada dos Planos Estratégicos Nacionais e a entrada em vigor da nova Política Agrícola Comum (PAC) em janeiro de 2023, garantindo, assim, a previsibilidade aos agricultores, às administrações nacionais e a todos os cidadãos europeus.

O conjunto dos acordos de princípio serão apresentados aos Estados-Membros para apreciação, integrando o novo modelo de desempenho, a orientação do apoio dos pagamentos diretos, os controlos da condicionalidade e a transparência na aplicação dos fundos, tendo sido criadas condições para avançar no debate de matérias fundamentais, como a arquitetura verde e a dimensão social.
Em relação ao novo modelo de desempenho, houve um acordo de princípio relativamente à periodicidade bienal, bem como aos níveis de tolerância para efeitos da sua revisão, sendo ainda obtido um entendimento sobre a definição dos indicadores a utilizar.
No âmbito da orientação dos pagamentos diretos resultou um entendimento sobre a aplicação obrigatória da definição de agricultor ativo, tendo sido obtida uma aproximação também no que se refere ao apoio direcionado para os jovens agricultores. Subsistem divergências no que se refere em particular aos mecanismos de degressividade dos pagamentos diretos, com o Conselho a sugerir um nível mínimo de convergência interna de 85% até 2026, enquanto que o PE quer uma convergência a 100% até ao final do período de programação.
No âmbito do setor do vinho em particular, foi acordada nomeadamente a extensão do regime de autorização de plantação de vinha até 2045 e as regras de desalcoolização. Para reforçar a posição dos agricultores na cadeia de valor, houve também um princípio de acordo para alargar a possibilidade de gestão de oferta a todos os produtos DOP e IGP.
 
A Presidência prevê apresentar o resultado do "super trílogo" às delegações dos Estados-Membros no Comité Especial da Agricultura (SCA) a 12 de abril, continuando as discussões técnicas (a partir de 6 de abril), assim como os trílogos da reforma da PAC, sobre o regulamento dos planos estratégicos a 16 de abril, Organização Comum do Mercado (OCM) a 21 de abril e o regulamento horizontal a 23 de abril.

 

Dossiers
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Presidência Portuguesa do Conselho da UE | Conselho de Ministros da Agricultura e das Pescas – 22 e 23 de março
 
A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes e o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, presidiram em Bruxelas ao Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia, centrado nas negociações da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e das possibilidades da pesca para 2021.
   
No âmbito da reforma da PAC, a Presidência Portuguesa informou os ministros sobre a abordagem geral das negociações interinstitucionais em curso para os três regulamentos que constituem o pacote para o período 2023-2027, tendo obtido o apoio do Conselho sobre um compromisso para as negociações interinstitucionais com o Parlamento Europeu (PE), nomeadamente no “super trílogo” de 26 de março.

No debate sobre a preparação dos Planos Estratégicos nacionais, as delegações expressaram opiniões divergentes sobre a integração dos objetivos das estratégias do Acordo Verde e Farm to Fork, tendo algumas solicitado à Comissão Europeia uma avaliação de impacto sobre a ligação destas estratégias à PAC. No que se refere ao novo modelo de gestão e avaliação, um dos pontos mais sensíveis da negociação interinstitucional com o PE, a questão central refere-se à mudança de critérios de conformidade para critérios baseados no desempenho.

No que se refere à orientação dos pagamentos, a Presidência apresentou propostas de compromisso para um conjunto de questões em aberto, principalmente em torno do caráter obrigatório (ou não) das disposições, incluindo as definições de 'agricultor ativo' e 'novo agricultor', a redução de pagamentos (limite), com uma convergência interna das ajudas a atingir 85% em 2026, pagamentos para pequenos agricultores e pagamentos redistributivos, tendo vários ministros destacado a necessidade de flexibilidade nas diferentes medidas (optando principalmente por disposições voluntárias).
 
No âmbito do regulamento da Organização Comum de Mercados, a Presidência explicou que as posições do Conselho e do Parlamento Europeu estão relativamente alinhadas nas questões relacionadas com o vinho e as indicações geográficas, mas permanecem distintas no que diz respeito à gestão do mercado e às medidas excecionais de crise. Tendo manifestado empenho na obtenção de um entendimento, os ministros alertaram no entanto para a importância de respeitar os princípios acordados e consagrados na abordagem geral do Conselho (adotada em outubro de 2020) e os compromissos da UE com a OMC, durante as negociações interinstitucionais em curso.

No que se refere ao Regulamento Horizontal, os Ministros da Agricultura acolheram a proposta de compromisso apresentada pela Presidência Portuguesa, que mantém de forma geral os elementos atualmente em vigor e que reflete os avanços efetuados nas negociações com o PE, com amplo acordo sobre a questão dos órgãos de gestão e um acordo de princípio sobre o limite para a disciplina financeira. Subsistem no entanto algumas divergências com o PE quanto à burocracia e encargos administrativos excessivos associados aos controlos da condicionalidade e à forma como lidar com as informações sobre os destinatários dos pagamentos da PAC.
 
A agenda da reunião do Conselho de Ministros da Agricultura incluiu o tema da preparação da UE em relação às medidas fitossanitárias de proteção contra as pragas das plantas que ameaçam a agricultura, tendo sido sublinhada a importância de aumentar a conscientização sobre a fitossanidade e a necessidade de identificar precocemente as pragas perigosas e erradicá-las da forma mais eficaz possível. Neste âmbito, foi salientado o papel das competências digitais e da inovação para desempenhar um papel fundamental na abordagem dos desafios atuais e futuros relacionados com a saúde das plantas e pragas, destacando-se a necessidade de desenvolvimento de planos de contingência e implementação de controlos de fronteiras.
 
Foram ainda debatidos os temas da futura Estratégia da UE para as Florestas pós 2020, que deverá respeitar o carácter multifuncional e o princípio da subsidiariedade, assim como as medidas de apoio para o setor do vinho no âmbito da pandemia da Covid-19 e a utilização de agentes biológicos contra pragas vegetais.
 
No domínio das pescas, a reunião com os Ministros das Pescas centrou-se na fixação das possibilidades de pesca da UE para 2021 e na aprovação das quotas de pesca definitivas para a frota europeia em águas da Noruega, em resultado do acordo recentemente alcançado com aquele país. Em paralelo, foram também ajustadas as quotas fixadas para o bacalhau do Svalbard e no âmbito das Organizações Regionais de Pescas, na sequência do Acordo de Comércio e Cooperação entre a UE e o Reino Unido, aprovado já depois do Conselho de Ministros das Pescas de dezembro 2020.
Foi efetuado o balanço das consultas UE-Reino Unido sobre a fixação das possibilidades de pesca para 2021 e das unidades populacionais de profundidade para 2021 e 2022. Considerando que o acordo final com o Reino Unido quanto ao nível dos totais admissíveis de captura (TAC) dos stocks partilhados não foi ainda alcançado, a Presidência obteve o acordo dos ministros sobre um plano de contingência tendo por base os pareceres científicos e o quadro do acordo de comércio e cooperação UE-RU, para alargar as quotas de pesca provisórias até 31 de julho de 2021. Este plano garante a atividade de pesca ininterrupta das frotas da UE até que a UE e o Reino Unido cheguem a um acordo sobre as possibilidades de pesca definitivas.

 

Comissão Europeia apresenta ações para o desenvolvimento da produção biológica
 
A Comissão Europeia apresentou o Plano de Ação para o desenvolvimento da produção biológica, em consonância com o Acordo Verde Europeu e as Estratégias Farm to Fork e da Biodiversidade.

O Plano de Ação integra os resultados da consulta pública realizada entre setembro e novembro de 2020, e tem por objetivo impulsionar o aumento da produção e do consumo de produtos biológicos, disponibilizando as ferramentas para se atingir a meta de 25% das terras agrícolas com agricultura biológica até 2030 e um aumento significativo na aquacultura biológica. Apresenta 23 ações estruturadas em torno de 3 eixos – Intensificar o consumo, aumentar a produção e melhorar a sustentabilidade do setor - para garantir um crescimento equilibrado do setor.
A Comissão incentiva os Estados-Membros a desenvolverem planos de ação biológicos nacionais para aumentar a sua quota-parte nacional na agricultura biológica, de forma a complementar os planos estratégicos nacionais da PAC, definindo medidas que vão além da agricultura e do que está previsto no âmbito dos instrumentos da PAC.


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Diretrizes voluntárias sobre sistemas alimentares e nutrição do comité mundial de segurança alimentar
 
A FAO estima que 690 milhões de pessoas estão cronicamente subnutridas e que mais 130 milhões passam fome por causa da pandemia COVID-19. Dois mil milhões de pessoas sofrem de deficiência em micronutrientes e o número de adultos com excesso de peso ou obesos continua a aumentar, colocando-os em alto risco face às doenças não transmissíveis que é a principal causa de morte em todo o mundo. Além disso, mais de 3 mil milhões de pessoas não conseguem custear uma dieta saudável. Para combater esta situação, o Comité de Segurança Alimentar Mundial (CFS) aprovou, na sua 47ª Sessão, realizada de 8 a 11 fevereiro último, as Diretrizes Voluntárias sobre Sistemas Alimentares e Nutrição (VGFSyN).

Estas Diretrizes são uma ferramenta de orientação política para ajudar a lidar com o problema da fome e da desnutrição. Incluem uma ampla gama de recomendações destinadas a reduzir a fragmentação e coordenar as políticas sobre agricultura, o abastecimento alimentar e a nutrição, ao mesmo tempo que abordam a sustentabilidade social, económica e ambiental dos sistemas alimentares. Visam apoiar o desenvolvimento de políticas, leis, programas e planos de investimento nacionais multissetoriais coordenados para permitir dietas seguras, saudáveis ​​e nutritivas através de sistemas alimentares sustentáveis. São um instrumento para ajudar os países a concretizar a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e são um contributo importante para a Cimeira dos Sistemas Alimentares lançada pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a realizar este ano em setembro.

As Diretrizes concentram-se em 7 áreas:
  1. Governança, democrática e responsável;
  2. Cadeias de abastecimento de alimentar sustentáveis ​​para alcançar de dietas saudáveis ​​num contexto de alterações climáticas, perda de biodiversidade e degradação ambiental;
  3. Acesso equitativo a dietas saudáveis;
  4. Segurança alimentar em sistemas alimentares sustentáveis;
  5. Conhecimento, educação e informação sobre nutrição centrado nas pessoas;
  6. Igualdade de género ao nível dos sistemas alimentares;
  7. Sistemas alimentares resilientes num contexto humanitário.

 

Transformação dos sistemas alimentares debatida no Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA) 2021
 
No encontro virtual do FFA2021 realizado a 23 de março, foram salientados os riscos que o mundo enfrenta face a uma convergência de fatores, que, se ignorados, poderão impedir acabar com a fome e desnutrição global em todas as suas formas. Os atuais padrões de consumo e sistemas agroalimentares contribuem para elevadas taxas de desperdício e perda de alimentos, poluição do ar, emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade, mas constituem também uma fonte crescente de desigualdade, havendo uma necessidade urgente de fazer as coisas de maneira diferente e agir de forma holística para transformar nossos sistemas agroalimentares.

Será necessária uma mudança fundamental e sistémica na forma como os alimentos são produzidos, tendo sido salientado o papel do Acordo Verde e da Estratégia Farm to Fork nesta matéria, quando se pretende trabalhar de forma mais estreita e eficaz para transformar os sistemas alimentares sem deixar ninguém para trás e gerar ganhos em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Neste sentido, foi realçada a importância destas estratégias lançadas em 2020 e da segurança alimentar e de sistemas alimentares robustos e resilientes, que garantam o acesso ao abastecimento de alimentos produzidos de forma sustentável com alta qualidade e a preços razoáveis.

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Consulta Pública sobre abastecimento e segurança alimentar em tempos de crise
 
A Comissão Europeia abriu uma consulta pública para recolher a opinião dos interessados sobre um futuro plano para assegurar o abastecimento e a segurança alimentar em tempos de crise. A consulta pública está aberta até 3 de maio.

A consulta pública no âmbito do futuro plano para o abastecimento alimentar e segurança alimentar, que integra a estratégia “Farm to Fork” visando promover uma produção e consumo mais sustentáveis com sistemas alimentares da UE mais resilientes, pretende auscultar a posição das partes envolvida na cadeia alimentar, como os produtores, transformadores, distribuidores e operadores de transporte, assim como os consumidores e sociedade civil e as autoridades nacionais, sobre a forma, natureza e alcance do plano.

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Publicações
 
Estudo de apoio à avaliação da política de informação sobre a Política Agrícola Comum  

Este estudo contribui para uma avaliação global da política de informação sobre a Politica Agrícola Comum (PAC), que será concluída com a publicação de um relatório da Comissão Europeia no outono de 2021.
Para aumentar a sensibilização para a PAC e explicá-la aos cidadãos e às partes interessadas, a Comissão Europeia implementa a política de informação sobre a PAC, tendo as medidas utilizadas para o efeito em 2016-2020 sido avaliadas tendo por objetivo examinar a relevância, coerência, eficácia, eficiência e valor acrescentado para a UE.
Os resultados do estudo sugerem que os objetivos da política de informação sobre a PAC foram, em grande medida, alcançados, tendo conseguido melhorar a compreensão e perceção da PAC. Considerando o contexto de mudança da comunicação face nomeadamente à reforma da PAC, bem como da pandemia COVID-19, será no entanto importante para a política redirecionar as suas atividades em colaboração com os Estados Membros para direcioná-las e para atingir grupos mais amplos de partes interessadas e cidadãos.

DG Agricultura e Desenvolvimento Rural, Comissão Europeia, março 2021 | Ver documento
 

Estudo de apoio à avaliação sobre o impacto da PAC na troca de conhecimentos e atividades de aconselhamento

Este estudo de apoio à avaliação contribui para uma avaliação global do impacto da PAC no intercâmbio de conhecimentos e atividades de aconselhamento, que será concluída com a publicação de um relatório da Comissão) no final de 2021. Este relatório incluirá os resultados da consulta pública sobre o mesmo tema que decorreu de 10 de novembro de 2020 a 2 de fevereiro de 2021.
O objetivo da avaliação é fornecer uma base para determinar se o objetivo da PAC de "promover a transferência de conhecimentos e a inovação na agricultura, silvicultura e zonas rurais" foi alcançado. A avaliação abrange todas as medidas da política agrícola da UE com impacto no intercâmbio de conhecimentos e atividades de aconselhamento, incidindo na transferência de conhecimentos, na inovação e no aconselhamento aos agricultores e silvicultores, designadamente a rede EIP-AGRI da UE, o Farm Advisory System e as Redes Rurais Nacionais / Regionais.

Comissão Europeia, fevereiro 2021 | Ver documento
Estudo de apoio à avaliação sobre indicações geográficas e especialidades tradicionais garantidas protegidas na UE 

Este estudo fornece uma avaliação da política de qualidade da UE em matéria de indicações geográficas (IG) e especialidades tradicionais garantidas (ETG) protegidas na UE, abrangendo 3 286 designações de origem dos Estados-Membros e registados na UE e 32 IG registados por aplicação direta de países terceiros. Este estudo externo, juntamente com as respostas à consulta pública aberta até 9 de abril de 2021, contribuirá para a avaliação global da eficácia, eficiência, coerência, relevância e valor acrescentado da atual política de IG e ETG da UE. Pretende contribuir para uma avaliação de impacto, que irá apresentar e analisar as opções de política para uma revisão do esquema IG / ETG.
O estudo conclui que o quadro da UE sobre IG e as ETG é eficaz para atingir os seus objetivos e proporciona um claro valor acrescentado da EU, sendo estes regimes relevantes e amplamente coerentes com outras políticas da UE e nacionais. Existe no entanto espaço para uma maior integração da sustentabilidade ambiental e considerações de bem-estar animal, tendo sido identificados alguns limites, como o baixo conhecimento e compreensão das IG e ETG por parte dos consumidores em alguns Estados-Membros, bem como deficiências dos controlos nas fases a jusante da cadeia de valor.

DG Agricultura e Desenvolvimento Rural, Comissão Europeia, dezembro 2020 | Ver documento  

Food Waste Index Report 2021

O Relatório do Índice de Desperdício Alimentar desenvolvido no âmbito do Programa Ambiental das Nações Unidas, visa apoiar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS 12.3, apresentando a sistematização, análise e modelação de dados mediante uma metodologia específica para os países medirem o desperdício de alimentos a nível interno de forma a acompanhar o progresso nacional até 2030.

Assumindo a necessidade de aumentar os esforços para a medição do desperdício alimentar com dados confiáveis, pretende que os países que usem essa metodologia gerem evidências sólidas para orientar uma estratégia nacional de prevenção do desperdício alimentar, que seja suficientemente sensível para detetar mudanças em intervalos de dois ou quatro anos e que permita comparações significativas entre os países em todo o mundo.

UNEP, março 2021 | Ver publicação
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Diário da República / Jornal Oficial da UE
Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural | Mar | Outros
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