Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 87 // gal da Agricultura. Essas declarações eram apresentadas, primeiro, na CIE e depois na RE- PER (a nossa Representação Permanente junto da Comissão Europeia). Seria o embaixador a transitá-las para o Conselho Europeu, conjuntamente com o ministro português (normal- mente, o Ministro das Finanças). A parte logística de todo este processo ficou a cargo da Secre- taria da CIE e o sistema funcionou sempre bem. 3. UM GRUPO INFORMAL Por vezes, as coisas simples são as mais eficazes. Naquele ano de 1976, foi isso mesmo que acon- teceu no Ministério da Agricultura. Nós, embora com percursos profissionais diferentes, co- nhecíamo-nos desde longa data. Éramos de facto amigos. Os que estavam ligados ao ensino ti- nham um nível intelectual que se impunha, sendo respeitados por isso, embora nenhum deles arvorasse qualquer ar superior. E essa modéstia só reforçou a amizade e a admiração. Outros trabalhavam nas “fileiras”, isto é, nos diferentes Serviços do Ministério, unindo-os uma caraterística comum: tinham começado a trabalhar em pleno campo. Por mérito próprio, ti- nham trepado na “escala”. Dois deles eram também agricultores. Um outro começara a sua vida profissional no campo, lado a lado com agricultores, mas não tendo terras, começou a ga- nhar conhecimentos noutros países e Instituições, agora viradas para o processo de enquadra- mento do desenvolvimento da Agricultura. Quando decidiram juntar esforços para dar uma contribuição para o Ministério da Agricul- tura, numa altura crítica do mesmo, aperceberam-se de que as suas capacidades profissionais eram complementares. E assim se formou, naquele ano de 1976, um grupo informal. Ninguém nos mandatou. Todos fomos voluntários e independentes de credo político. A nossa entrega foi total. Partíamos de duas perguntas simples: e se nos juntássemos para de- bater umas ideias? E se elaborássemos um método de análise, simples e eficaz? O certo é que obtivemos resposta positiva a estas nossas perguntas. 4. UM MÉTODO SIMPLES PARA SERVIR DOIS OBJETIVOS Nesse ano de 1976, este grupo informal optou por uma metodologia simples e capaz de servir dois objetivos: acabar com as justificações técnico-literárias e com as medidas de política do tipo mandatos, que tinham caraterizado o Capítulo Agricultura nos dois Planos de Fomento iniciais; optar por um método de analisar o setor da Agricultura capaz quer de conduzir a pro- postas concretas para o Plano de Médio-Prazo 77/80, quer de dar uma base técnica, e quanti- ficável, ao processo de adesão à Comunidade Europeia.

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