Livro do Centenário do Ministério da Agricultura
A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 7 // PREFÁCIO O convite de José Augusto Santos Varela (Eng.º Varela) para prefaciar esta sua obra, sobre a memória do Ministério da Agricultura de que se co- memorou o Centenário em 2018, foi para mim uma surpresa geradora de grande satisfação. Apesar de, por um lado, jamais ter pensado meter-me neste género de trabalhos, para os quais julgo não ter grande vocação, por outro, considerei ser uma boa ocasião para recordar colegas e amigos e a minha vivência na instituição que me mo- tivou e ocupou durante toda vida profissional. Agradeço ao Eng.º Varela esta oportunidade. Em setembro de 1976, ingressei no Gabinete de Planeamento (GP) 1 do Ministério da Agricul- tura e Pescas, onde posteriormente ficaria a trabalhar, com o objetivo de realizar o meu está- gio 2 para conclusão do curso de engenheiro agrónomo. Com a mudança de Governo, entre- tanto operada, e a entrada de António Barreto para Ministro da Agricultura no final desse ano, vem para a Direção do GP Fernando Gomes da Silva que convida para seu Subdiretor José Augusto Santos Varela. Conheci o autor da presente obra nessa altura. Recordo a grande azáfama relativa aos trabalhos de elaboração do Plano de Médio Prazo (PMP 1977-1980), que constituiu um fator de mobilização do melhor conhecimento e capacidade existentes na época. Lembro-me do ambiente de entusiasmo e expectativa que se viveu no GP, pois iríamos final- mente ter um Plano capaz de fazer sair o setor agrícola do atraso a que tinha sido votado até antes da Revolução de Abril 3 . Lembro-me do “corrupio” que se viveu para concluir o PMP, e das “sumidades” 4 que então frequentavam o GP e circulavam nos seus corredores, na altura instalado no andar superior do edifício do Ministério na Praça do Comércio, para onde regres- sou recentemente após uma estada de mais de 20 anos na zona alta da cidade. O Eng.º Varela, algarvio de gema, que jamais perdeu o seu sotaque 5 , nascido em 1924 - seis anos após a criação do Ministério da Agricultura – inicia a sua atividade profissional em 1951, na Junta de Colonização Interna, nos trabalhos de elaboração da Carta de Solos. É um O 1. O Gabinete de Planeamento (GP), no decorrer da sua já longa existência, assumiu diversas configurações orgânicas e designações (DGMAIIA, IMAIAA, SARE e ultimamente GPP). 2. Era então Diretor do GP o Eng.º João Mendes Espada (pai do comentador político e professor universitário João Carlos Espada) e foi meu orientador de estágio o Prof. Francisco Avillez. 3. Constituíam objetivos do PMP 1977-80, a diminuição do deficit da balança comercial e a satisfação das necessidades primárias da população portuguesa. 4. Fernando Estácio, António Cortez Lobão, Francisco Cary, José Girão, Monteiro Alves, Pereira da Silva e Joaquim Lourenço. 5. E sempre assumiu frontalmente a sua origem regional referindo por vezes, antes de uma intervenção oral, que se afigurava “talvez” longa – “Vou tentar ser breve tanto quanto um algarvio consegue sê-lo”.
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