Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

OS TEMPOS INCERTOS . 1926-1978 // 78 // Foi a partir desta situação que, pouco depois do verão de 1974, fui requisitado pelo Secretário de Estado da Agricultura, Dr. Esteves Belo, para ir chefiar o Gabinete de Planeamento dessa Secretaria de Estado. A Secretaria de Estado da Agricultura estava então integrada no Ministério da Economia do Governo Provisório que vigorou entre julho de 1974 e março de 1975. Só que, no mesmo Mi- nistério, e no “elenco” da Agricultura, existia também a Secretaria de Estado da Reforma Agrária. Do que referi até aqui, é fácil deduzir-se que era esta última que monopolizava toda a vertente agrícola do Ministério. Em suma, o Secretário de Estado da Agricultura tinha um mandato vago e dispunha de muito poucos meios. Eu fiquei, apenas, com dois mandatos claros: Vogal da Agricultura na Comissão Nacional da FAO 118 e participante, em representação da Agricultura, nas delegações que se deslocaram à OCDE para as análises da situação económica ( Outlooks ) que esta instituição leva a efeito, para cada um dos seus membros. Nestas participações, tive a meu cargo, na Comissão Nacional da FAO, os relatórios sobre a si- tuação da nossa agricultura e praticamente a mesma função, para as análises da OCDE. Como a apresentação dos relatórios periódicos de cada país, no caso da FAO, e a análise (exame) da política económica, no caso da OCDE, levavam alguns dias, eu aproveitei sempre o tempo disponível para conhecer as formas de aplicação da PAC naqueles dois Estados-Mem- bros da Comunidade Europeia – a Itália e a França. Nós, no DCP, conhecíamos a PAC pelos livros. Ora, as conversas com técnicos, quer franceses, quer sobretudo italianos, foram, para mim, extremamente úteis. 2. UM REGRESSO AO PLANEAMENTO (1976) Com o 1.º Governo Constitucional 119 veio um outro elenco governativo, do qual recordo a Dr.ª Manuela Silva como Secretária de Estado do Planeamento. Então, para meu alívio, regressei ao DCP. O motivo foi que nesse governo foram lançados os trabalhos de preparação de um Plano de Médio Prazo (PMP), para o período de 1977 a 1980. Assim, aconteceu que eu comecei a trabalhar no DCP neste governo e terminei, novamente, no Ministério da Agricultura. O Ministro da Agricultura, Dr. António Barreto, convidou para Diretor do então criado, com toda a razão de ser, Gabinete de Planeamento, o meu colega Fernando Gomes da Silva. Este, por sua vez, veio desafiar-me, no DCP, para ser o seu Subdiretor. Eu aceitei, mas com uma con- 118. Nos dois a três anos durante os quais o Dr. Mário Ruivo foi seu Presidente. 119. Que tomou posse em julho de 1976 e terminaria o seu mandato em janeiro de 1978.

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