Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 69 // Estes sistemas locais eram em afluentes do Guadiana, Sado e Tejo. Mais uns quantos em rios em bacias hidrográficas independentes daqueles; no essencial foram: – No Rio Mira – a barragem de Santa Clara. A qual já está feita, possibilitando a rega dos so- los planos do litoral (Vila Nova de Milfontes, e pouco mais). – A do Alto-Sado (barragem Monte da Rocha). – A do Roxo (afluente do Guadiana), cuja bacia hidrográfica é insignificante e só enche com o contributo de Alqueva. – A do Caia (afluente do Guadiana), perto de Elvas. – A do Divor – um pequeno afluente do Guadiana, que passou a garantir o fornecimento de água potável à cidade de Évora. A qual dependia de uns quantos furos artesianos, sempre in- suficientes. E, a completar, um conjunto de outras infraestruturas, sem as quais o desenvolvimento do Alentejo, não terá “pernas para andar”: – 9.000 km de canais, que passam (com a rega por aspersão) a tubagem enterrada, e estação de bombagem. – Várias centenas de km de linhas elétricas. Tanto para alimentar as estações de bombagem a partir da Central elétrica de Alqueva. E também para os excedentes de energia elétrica pode- rem ser aproveitados (na rede geral e, ou junto de povoações). E, ainda, por cerca de 73 pequenas barragens a poderem ser construídas com o recurso à Lei dos Melhoramentos Agrícolas. Em resumo: Estávamos (e ainda estamos) dentro de um poderoso esquema que, tarde ou cedo, terá de ser utilizado, se a Valorização do Alentejo (e praticamente o Sul de Portugal, a partir do Tejo) pas- sar à “fase seguinte”. Como se compreende, e julgo que logo à primeira impressão, não havia, de todo em todo, lu- gar para enxertos de cariz literário, lírico. Ou outro. Cada um no terreno valia por si e até aprendendo com a capacidade dos outros colegas. Estávamos todos unidos, no somatório das capacidades de cada um, para levar por diante, um projeto que iria beneficiar, quer o País, quer a Região, quer as pessoas que na mesma viviam e trabalhavam. E cada qual a seu modo. Movia-nos, também, o apreço mútuo. A certeza de que a capacidade de cada um não era para mostrar uma qualquer supremacia; mas sim para melhorar a capacidade conjunta. Nem eu, nem os outros perdemos tempo para saber quem era o chefe! As “guerras”, se é que havia, eram lá longe…

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