Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 65 // Desejaria que tudo estivesse perfeitamente regulado até ao fim do corrente mês, de forma a poder-se marcar o pri- meiro dia do mês de janeiro de 1955 para o início do funcionamento do novo departamento. A natureza do problema torna indispensável uma franca e intensa colaboração com os departamentos do Minis- tério da Economia afetos à agricultura: Direção-Geral dos Serviços Agrícolas, Direção-Geral dos Serviços Flo- restais e Aquícolas e Junta de Colonização Interna. A Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos deverá ter o maior cuidado, até para maior êxito do seu esforço, em utilizar todas as possibilidades de cooperação destes organismos, quer sob a forma de elementos já obtidos de in- teresse para o problema, quer em relação a trabalhos que possam ser levados a cabo, mais satisfatoriamente por seu intermédio. Por agora, julgo que esta colaboração poderá ser alcançada de modo conveniente e fácil através do contacto direto entre serviços. Ulteriormente se verá se é preferível constituir uma comissão para coordenar esforços. Em qualquer caso, o objetivo que orientará a Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos será o melhor rendimento no plano nacional dos esforços empenhados na resolução do importante problema.” É óbvio que no Despacho cada palavra tinha sido ponderada e o todo era o resultado de con- tactos que já tinham sido feitos com o Ministro da Economia e com o Secretário de Estado da Agricultura e os Serviços referidos. Da mesma forma, aquilo que viria a ser o Plano de Rega do Alentejo (PRA), pela envergadura do projeto e respetivos custos, tinha sido longamente pon- derado com o Presidente do Conselho. 2. UMA COLABORAÇÃO INICIAL DIVERGENTE E ENTRE SERVIÇOS CENTRAIS Como o Despacho acentua, a natureza do problema (a adaptação a regadio de 170 000 hecta- res de terras alentejanas) tornava indispensável uma excelente colaboração com os departa- mentos do Ministério da Economia afetos à agricultura: Direção-Geral dos Serviços Agríco- las, Direção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas e Junta de Colonização Interna. Nesta altura, eu estava já desde 1952 no Alentejo integrado numa equipa que fazia os levanta- mentos cartográficos e pedológicos da então designada Carta dos Solos e compreendi que po- deria ser útil no Plano de Rega dos 170 000 hectares, dispersos pelo Alto e Baixo Alentejo. Em consequência decidi disponibilizar-me para o efeito, uma vez que quando saí do ISA optei pela Hidráulica Agrícola. Acontece que a Carta dos Solos em que eu estava a trabalhar não estava a ser feita numa escala capaz de ser utilizada, diretamente, para demarcar os 170 000 hectares do PRA para

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