Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

OS TEMPOS INCERTOS . 1926-1978 // 64 // O sequeiro Que Deus mande água Por compaixão: Desmaia a vinha! Mirra-se o grão! E a terra é seca Como um carvão Conde de Monsaraz, Musa Alentejana, 1908 1. UM MANDATO LÚCIDO Despacho do Ministro das Obras Públicas (MOP), Eng.º Eduardo de Arantes e Oliveira, de 6 de dezembro de 1954, que antecede o Plano de Valorização do Alentejo – Rega de 170 000 hectares: “O objetivo que se marca à Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos é o do esclarecimento preciso e definitivo do problema da valorização pela rega da região alentejana, e a consequente formulação de um plano geral de ação. É indispensável sair-se no mais curto prazo de uma situação de desconhecimento das premissas fundamen- tais de um problema primário para a economia e para o progresso social do nosso País, para o qual se têm enumerado diversas soluções que não se podem defender nem condenar com a segurança que exige o seu vulto excecional. É tempo de se começar pelo princípio e, visto assim, espera-se que o problema não ofereça dificuldades, pelo me- nos no que se refira ao enunciado concreto da sua resolução e à formulação de programas de trabalho. Para se desempenhar da sua incumbência com a rapidez e a eficácia necessárias, a Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos terá de desenvolver uma atividade muito intensa que justifica a constituição de uma célula especial de trabalho subordinada ao Diretor de Serviços de Aproveitamentos Hidráulicos, e à qual se atribuirão os meios privativos necessários, em pessoal, material, dotações e instalações. A Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos apresentar-me-á a sua proposta para a criação deste núcleo de es- tudo, ao mesmo tempo que formulará o respetivo programa geral de trabalho e enunciará os meios a pôr à sua disposição. E, particularmente importante, o cálculo dos encargos anuais a suportar, para os quais se pensa destinar uma parcela importante da dotação orçamental consignada a estudos desta natureza.