Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

OS TEMPOS DIFÍCEIS . 1910-1925 // 28 // Na verdade, o Fontismo foi uma política decidida a modernizar o País, mediante um programa de investimento público destinado a implementar uma rede de transportes e comunicações (es- tradas, caminhos-de-ferro; portos; ligações telegráficas, etc.), ou seja, as infraestruturas indis- pensáveis para o desenvolvimento do comércio, da agricultura e da indústria. Acontece que para os fanáticos da ideologia liberal, tudo quanto é intervenção do Estado deverá ser mínimo... Pois bem! Foram essas infraestruturas dos tempos do Fontismo que ajudaram os governos da 1.ª República a fazer frente às dificuldades derivadas da 1.ª Guerra Mundial. Alguns números permitem avaliar a sua importância: 1. Em 1910, a rede rodoviária nacional tinha cerca de 11 000 km. E a rede ferroviária 2 577 km. E o que é muito significativo, em 1886, tinha sido inaugurada uma segunda ponte monumental sobre o Douro, ligando o Porto a Vila Nova de Gaia, que substi- tuiu uma ponte pênsil. Assim, o litoral Norte deixou de estar isolado em relação ao resto do país, quer por ca- minho-de-ferro, quer por rodovia. No final do seu mandato, Fontes Pereira de Melo tinha construído 17 pontes, e, com a referida ponte ferroviária sobre o Douro, tinha completado a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto. 2. Ao comboio, juntou-se o telégrafo em 1856/1857. Em 1864, funcionavam mais de 2 000 km de linhas telegráficas. E, quando a guerra começou em 1914, essa extensão já tinha quadruplicado. No decénio de 1850, foram lançados os primeiros cabos submarinos, entre Lisboa e os Açores. Em 1870, o cabo submarino ligou Portugal à Inglaterra e, no ano seguinte, a ligação chegou ao Brasil, a Cabo Verde e à Madeira. A “semente” fora lançada. 3. A telegrafia sem fios surgiu no início do século XX. 4. Em 1901, foram introduzidos os primeiros carros-elétricos (Lisboa e Porto). 5. Por seu lado, os portos marítimos começaram a ter vários melhoramentos, tendo-se iniciado a construção do porto artificial de Leixões para servir o interland do Porto, e, em especial, a exportação do vinho do Porto (1884-1892). A base infraestrutural para o desenvolvimento do país estava assim lançada, não obstante os quase constantes conflitos político-partidários que vinham crescendo, desde a última década do século XIX e a primeira do século XX, com o fim da monarquia. Porém, após a constituição da República, em 1910, Portugal foi apanhado por aquela terrível guerra.

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