Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 19 // De facto, o nosso território está fora da faixa climática, e dos solos nela existentes, com condi- ções naturais para a produção destes cereais, ditos “praganosos” de outono/inverno, como é o caso o trigo. O nosso País está em latitudes mais baixas (à volta de 40° de latitude) e, no nosso caso, o clima designado como mediterrânico tem chuvas principalmente no inverno e menos frio e chuvas ir- regulares nos restantes meses. E verões quentes e secos. Nada favorável, portanto, ao trigo. Ouviu-se recentemente, a nível do Ministério da Agricultura, algum bom senso nesta matéria. E não foram, ao contrário daquilo a que estávamos habituados, apenas uns murmúrios resig- nados ou, em alternativa, um silêncio confrangedor, distanciado. Finalmente, com clareza, sem ambiguidades, foi dada a explicação certa. Referindo a monocultura do trigo: “Não vale a pena insistir numa cultura para a qual não temos aptidão natural. O melhor que temos a fazer é apostar naquilo em que somos bons e realmente competitivos.” 53 Ora, nesse mesmo Alentejo (mas não só…) e precisamente naqueles solos de barros vermelhos, derivados de margas calcárias, espraiam-se nestes nossos tempos olivais a perder de vista. Assim: “Nos últimos 10 anos, Portugal quadruplicou a produção de azeite e duplicou o volume das exportações” (…) [e o nosso País alcançou, em 2016, no que respeita ao azeite] “um excedente da balança comercial, no valor de 170 milhões de euros.” 54 Embora tenha tido de enfrentar algumas mudanças políticas difíceis, o certo é que o Ministé- rio da Agricultura, tal como o nosso País, conseguiu ultrapassá-las. E desde esse início, desde 1918 até à data, os progressos realizados são o melhor testemunho disso mesmo. * * * 53. Dr. Capoulas Santos. Ministro da Agricultura, Semanário Expresso de 11 de março de 2017. 54. Estes dados foram salientados pelo atual Secretário de Estado da Agricultura, Dr. Luís Vieira, na sessão de abertura do Congresso Nacional do Azeite, em Valpaços. Ver Oleavitis, junho de 2017.

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