Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

// 16 // PREÂMBULO (…) i) Promover agrupamentos de agricultores para, com os mesmos incentivos e garantias das alíneas ante- riores: 1.º Cultivarem terrenos baldios de acordo com os respetivos corpos administrativos (…). 2.º Cultivarem em condições análogas, por prazos a fixar, terrenos de alqueive, incultos e de pousio per- tencentes a particulares, arrendados pelo Estado. (…) Não é necessário reproduzir o resto deste Decreto para se perceber que a situação das Finan- ças Públicas, e também as carências em alimentos básicos, atingiam um estado crítico no Por- tugal daqueles tempos. Para dar uma resposta a tudo isto, havia uma medida muito concreta: (…) É criada no Ministério do Trabalho, dependente da Direcção-Geral de Agricultura, uma Repartição pro- visória que se denominará Repartição da Mobilização Agrícola. Este Decreto enquadrava, pois, a agricultura na logística militar, sob um lema bem compreensível: “Nem todos os dias se combate. Mas em todos os dias se come.” Esta recordatória não visa analisar, e muito menos opinar, sobre a atuação do Ministério do Trabalho nem, muito menos, o mandato do professor Lima Basto, naqueles tempos de guerra. Tem apenas como objetivo enquadrar, no tempo e na História, a criação do Ministério da Agricultura em março de 1918. É que todos os bons propósitos legislativos para “mobilizar os agricultores”, como pretendia a Repartição (provisória) de Mobilização Agrícola, acabaram por naufragar na confusão provo- cada pela falta de dinheiros públicos, na inflação galopante 49 gerada pela escassez de alimen- tos, na emissão de papel-moeda e na instabilidade política que, entre outras razões, se manti- nha entre os apoiantes da nossa entrada na Guerra e os que contestavam o envio de tropas para a Flandres. Ora, todos estes ingredientes estiveram na base da revolta militar que eclodiu em 5 de dezembro de 1917 e que levou ao poder Sidónio Pais, cujo mandato, como sabemos, foi breve, terminando com o seu assassinato a 14 de dezembro de 1918. * 49. A taxa de inflação, em 1915, foi de 11%. Em 1918, estava já em 60%.

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