Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

OS TEMPOS DA ADESÃO À COMUNIDADE EUROPEIA (1977-1986) // 116 // 1. NOTA FINAL O balanço final da adesão de Portugal às Comunidades Europeias (CEE, CECA e CEEA) pode ser feito sob diversas perspetivas. Uma delas poderá ser uma conta de ganhos e perdas. Neste caso e no que respeita ao Dossiê-Agricultura já referi que nós (Portugal e a agricultura portuguesa) alcançámos todos os objetivos que pretendíamos. Em termos quantitativos, os nú- meros, a quatro décadas de distância, têm pouco significado, mas quando, em 28 de março de 1977, o primeiro-ministro do 1.º Governo Constitucional entregou no Conselho Europeu o nosso pedido de adesão, a Comissão Europeia foi prudente e mostrou que tinha avaliado com realismo a situação do país candidato, embora o seu parecer – o “Avis”, dado em 18 de maio de 1978, tenha sido favorável. O primeiro e o mais decisivo argumento que utilizou foi o de aju- dar a jovem Democracia portuguesa, acolhendo-a no seio das Democracias Ocidentais. A agricultura não era sequer mencionada. Ora, como vimos, a PAC, se fosse aplicada “ao pé da letra” por nós, iria muito simplesmente, reduzir a quase nada a nossa agricultura, mas mesmo naqueles anos da negociação, não eram muitas as pessoas que, naquele contexto, ti- nham conhecimento claro do nosso “problema agrícola”: para que Portugal, e a nossa jovem Democracia, fosse acolhido no seio das Democracias Ocidentais, a agricultura portuguesa se- ria qualquer coisa como “o cordeiro pascal” – a vítima que é imolada, para que o resto tenha salvação. Foi este o desafio que aceitámos. E ele foi ultrapassado porque, no termo desses oito anos, o en- tão presidente do Conselho Europeu, Giulio Andreotti, e o presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, nos ajudaram, percebendo qual era o nosso problema agrícola. 2. UM ACIDENTE NO PERCURSO Nas negociações de adesão tivemos de enfrentar múltiplas dificuldades nossas e deles, mas tam- bém houve um terceiro tipo de dificuldade de origem externa. Para melhor o explicar, tenho de voltar atrás. CAPÍTULO XX UM DOS BALANÇOS FINAIS