Livro do Centenário do Ministério da Agricultura

A MEMÓRIA E OS TEMPOS // 101 // 3. UM AJUSTAMENTO FINAL – OUTONO DE 1979 Ao invés daquilo que poderá supor-se, o progresso alcançado no princípio de junho de 1979, com o Colóquio realizado na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, não nos deixara in- teiramente satisfeitos. A dúvida que persistia não era quanto à nossa capacidade de, logo na abertura do processo negocial, encetar um diálogo com os técnicos da DGVI. Mais concreta- mente, a interrogação consistia em saber para que efeitos (“in fine”) iríamos dialogar com os ju- ristas da DG VI sobre o Direito Derivado e dar os esclarecimentos acerca das dúvidas levanta- das pelas respostas aos 34 questionários sobre a situação técnica e económica da nossa agricultura. Imaginando, naquele verão de 1979 que, no ano seguinte no fim de umas quantas reuniões em Bruxelas, tivéssemos aprendido toda a jurisprudência sobre cada OCM e tivéssemos dado to- dos os esclarecimentos necessários, de natureza técnica e económica, o que faríamos a seguir? Pragmáticos, o que nos preocupava era: Como defender a agricultura portuguesa? Como obter o maior nível de apoios (financeiros) para o conseguir? Estas perguntas tinham um denominador comum: como formular a nossa Estratégia e como defendê-la? Ou seja, uma base técnica programática, como a que dispúnhamos com as “Pers- petivas”, é bastante para uma negociação? Com tal base, teremos o suficiente para articular uma Estratégia negocial? A maneira como procedemos foi resumidamente a seguinte: – Como resultado da produção primária confrontada (cruzada, num quadro de dupla entrada) com as tais cinco capacidades das produções para satisfazerem, ou preencherem necessidades; capacidades de 1.ª ordem podíamos listar os seguintes: – Os que preenchem todos (5) 139 – Milho; leite; azeite; leguminosas arvenses; frutos; vinho; carnes (aves e suínos); hortícolas (frescos e/ou transformados); proteaginosas; forragens; beter- raba; batata. – Outros (em menor número) preenchem apenas 4. Por outro lado: – Confrontados, todos esses produtos, agora com as capacidades ecológicas do nosso território (solos; água; ecossistemas…) resultam deste outro cruzamento o seguinte: Sobressaem duas ordens de caraterísticas: – Os produtos de que necessitamos, mas para os quais não temos condições naturais bastantes para suprirem necessidades básicas. Como obter meios para os importar? 139. Não estão listados por ordem. Uns preenchem necessidades básicas; outros representam capacidades derivadas do potencial exportador.

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