CULTIVAR 9 - Gastronomia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 9 SETEMBRO 2017 74 diata, assegurar alimentos em quantidade sufi- ciente, nutritivos e seguros. E o caminho preconi- zado passa pela sensibilização das populações para a adoção de dietas sustentáveis, que, no seu enten- dimento, são aquelas que possuem baixo impacto sobre o meio ambiente, que contribuem para a segurança alimentar e nutricional, bem como para uma vida saudável das gerações atuais e futuras. Tais dietas contribuem para a proteção e respeito da biodiversidade e dos ecossistemas, são cultural- mente aceitáveis, economicamente justas e acessí- veis, adequadas, seguras e saudáveis do ponto de vista nutricional e, ao mesmo tempo, otimizam os recursos naturais e humanos [10]. De notar ainda que a FAO apresenta o regime alimentar da Dieta Mediterrânica para exemplificar o conceito de dieta sustentável [11]. E desde a inscrição um longo caminho foi já per- corrido, quer internamente quer nos restantes seis países. Estamos organizados internacionalmente, numa coordenação rotativa, em que cada país se res- ponsabiliza pela organização anual de um ou mais eventos. No ano passado, coube à Itália essa coor- denação, tendo promovido a edição de um Livro Branco sobre a DM. Este ano, Portugal foi o país coordenador, tendo organizado na Universidade do Algarve uma Conferência Internacional, muito par- ticipada, sobre o tema “A Herança Cultural da Dieta Mediterrânica”. Em setembro deste ano, haverá em Tavira durante a V Feira da DM a passagem de tes- temunho para a Croácia. Em termos nacionais, foi criado, através de Resolu- ção do Conselho de Ministros, o GADM – Grupo de Acompanhamento para a Salvaguarda e Promoção da Dieta Mediterrânica, estrutura que agrupa todos os Ministérios com implicação direta na DM – Cul- tura, Agricultura, Economia/Turismo, Saúde e Edu- cação e ainda outras Entidades da Sociedade Civil – Movimento das Mulheres de Vermelho, Fundação Portuguesa de Cardiologia, Ordem dos Nutricionis- tas, MemoriaMedia; em termos regionais (Algarve – região onde se localiza a nossa Comunidade Emblemática), foi também criada uma Comissão englobando, para além da Câmara Municipal de Tavira, as Direções Regionais de Agricultura e Pes- cas, de Cultura e o Turismo, a Comissão de Coor- denação e Desenvolvimento Regional, a Associação de Desenvolvimento Regional IN LOCO, as Escolas de Hotelaria, os Agrupamentos de Saúde… Não pretendendo ser exaustivo, gostaria, no entanto, de destacar algumas das inúmeras ações implementadas no terreno, que têm contribuído para a transmissão, documentação, investigação, preservação e revitalização desse imenso patrimó- nio que é a DM. Em primeiro lugar, destacaria a realização anual da Feira da DM, cuja V Edição tem lugar de 7 a 10 de setembro de 2017. Trata-se de um evento com um forte impacto regional de vários pontos de vista. Mencionaria, em segundo lugar, o esforço estru- turante na área da Educação. Assim, a DM passou a constar das Metas Curriculares traçadas para o Ensino Básico e Secundário, nomeadamente para as Ciências Naturais (5.º, 6.º, 7.º e 8.º anos e 9.º ano) [12]. De facto, nestes dois documentos, podemos encontrar as seguintes metas: “Exemplificar emen- tas equilibradas, com base na Pirâmide de Alimen- tação Mediterrânea” (6.º ano, p. 8); “Reconhecer a importância da dieta mediterrânica na promoção da saúde” (9.º ano, p. 4). Também no que se refere à oferta alimentar em meio escolar foram dadas, de acordo com a circular n.º 3/DSEEAS/DGE/2014, orientações sobre ementas e refeitórios escolares, onde a promoção da Dieta Mediterrânica está já contemplada, nomeadamente a incorporação na ementa, de formas de culinária típicas da Dieta Mediterrânica. Com o intuito de promover a Lite- racia em Saúde, a DGE em parceria com a Direção- -Geral da Saúde (DGS), está a ultimar um Referen- cial de Educação para a Saúde, que, entre outros objetivos, visa definir descritores que correspon-

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