CULTIVAR 9 - Gastronomia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 9 SETEMBRO 2017 34 mento aglutinador, distintivo e associado a atribu- tos demonstráveis. Estávamos diante de um setor, maduro, mas sobre- tudo estruturado, assente num vasto conjunto de entidades, públicas ou privadas, sólidas, que intera- giam de forma concertada na procura de soluções. Note-se que esta caracte- rística era já determinante quando a VINIPORTUGAL “contratou a Monitor Group para realizar um estudo sobre o cluster do vinho, tendo como objetivo ana- lisar a competitividade do cluster e elaborar algu- mas recomendações sobre a forma concreta como este poderia melhorar a sua situação e garantir uma prosperidade a longo prazo”. No entanto, e empurrado pelo espantoso resultado de um inquérito realizado em 2008 – cinco anos após a apresentação da pro- posta pelo Monitor Group – no Reino Unido e nos Estados Unidos, o qual cla- ramente demonstrava que nestes dois mercados Portugal não possuía nenhuma imagem enquanto país produtor de vinho, o setor vê-se na necessi- dade de dar novos passos dos quais o mais rele- vante foi o processo de construção da Marca. Mas para isso, e porque um projeto desta natureza carece indubitavelmente da presença, séria e empe- nhada, do setor privado, estavam criadas as condi- ções para avançar, o que sucedeu sob a condução do IVV, organização pública, tutelada pelo Ministé- rio da Agricultura, mas que é querida ao setor. Ou seja, a existência de estruturas de natureza pri- vada, representando uma maioria significativa dos atores económicos da fileira, apoiadas por um ins- tituto público permitiam antecipar um elevado grau de probabilidade de sucesso para a inicia- tiva. A estes aspetos não se pode deixar de acres- centar a natureza interprofissional de uma organi- zação como a ViniPortugal. De facto, esta natureza (hoje reforçada pelo reconhecimento enquanto tal pelo Governo Português 4 ) confere-lhe uma particu- laridade, pois assume-se como organização univer- sal, não defendendo nem promovendo valores ou interesses particulares, desta ou daquela parte do setor, mas sim visando um interesse coletivo, em que todos, associados ou não associados, virão a benefi- ciar, mas sobretudo será o País o principal bene- ficiado. Por outro lado, acrescia ainda uma forte identi- dade ao produto, o qual apesar da enorme diversi- dade interna, continha pontos comuns: o predomí- nio das castas autóctones, a predominância do blend (vinhos de lote e não varie- tais) e o carácter de vinhos de terroir, onde a expressão da madeira era residual. Reuniam-se assim dois pontos fundamentais: carác- ter ou identidade e uma garantia prévia de entida- 4 O despacho nº 741/2015 de 25 de março do Gabinete do Secretário de Estado da Agricultura estabelece o seguinte: “2 – A comissão executiva da marca deve assegurar: a ) O cumprimento pelos operadores económicos das regras constantes no Manual de Utilização de Uso da Marca; d ) A definição dos princípios orientadores para a promo- ção da marca, em articulação com os diferentes agentes que fazem promoção com financiamento público. c) A definição da metodologia de avaliação e monitoriza- ção da iniciativa, pela observação dos efeitos da marca. (…). 4 – A ViniPortugal deve assegurar: a) A coordenação operacional das ações de promoção da Marca; b) A gestão do banco de dados e materiais a disponibili- zar para os eventos de animação associados à promoção da Marca, garantindo o acesso do público a baixo custo e a boa utilização de recursos.” … o setor vê-se na necessidade de dar novos passos dos quais o mais relevante foi o processo de construção da Marca Reuniam-se assim dois pontos fundamentais: carácter ou identidade e uma garantia prévia de entidades tomadoras e seguidoras do projeto, dando-lhe continuidade.

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