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Agricultura e Biodiversidade 61 rios usufrutuários e arrendatários rurais, as entida- des concessionárias de zonas de caça e os caça- dores”. Consequentemente, é também declarado que o sucesso da conservação do felino está particular- mente associado à “compatibilização e estabeleci- mento de sinergias entre as atividades agrícola, flo- restal e cinegética” e, por isso, pede o envolvimento e o comprometimento de todos os intervenientes, “em particular dos agentes ligados ao setor agrí- cola, florestal e da caça, estabelecendo uma base de entendimento e de mútua confiança entre as partes, definindo um referencial de procedimentos, estável e transparente naquilo que concerne à con- servação do lince ibérico”. Foi esta postura construtiva e dialogante por parte da Administração, à qual é fundamental dar conti- nuidade, que tem permitido o sucesso da reintro- dução do lince-ibérico em Portugal, com o esta- belecimento de um núcleo populacional estável e cada vez mais numeroso. Rede Natura 2000 Os agricultores que desenvolvem a sua atividade em áreas abrangidas pela Rede Natura veem a sua atividade condicionada por regulamentação que visa assegurar a conservação das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa. Até 2015, os custos adicionais e a perda de ren- dimentos associados à implementação da Rede Natura nas áreas agrícolas foram totalmente supor- tados pelos agricultores, já que não existiram, até essa data, instrumentos de política minimamente eficazes na compensação dessas condicionantes. Só com a entrada em vigor do atual Programa de Desenvolvimento Rural, o PDR 2020, no qual se prevê, pela primeira vez em Portugal, o paga- mento de um apoio para compensação das restri- ções impostas à atividade agrícola nas explorações localizadas dentro da Rede Natura, foi dado um primeiro passo no sentido de atenuar a situação injusta a que estes agricultores estavam sujeitos. Apesar de os montantes dos apoios, previstos no âmbito da Operação 7.3.1 «Pagamento Natura», ficarem muito aquém dos custos suportados pela maioria dos agricultores, a forma simples e expe- dita como foi implementada, tornou-a bastante atrativa para os agricultores. Dado o sucesso desta medida, em futuros progra- mas de desenvolvimento rural deverão ser reforça- dos os montantes dos apoios a atribuir e estender a sua abrangência a toda a área agrícola inserida em Rede Natura. Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural A enorme riqueza em ecossistemas agrícolas que Portugal Continental possui não se restringe às áreas em Rede Natura, pois os sistemas de agri- cultura extensiva que estão na base desses valio- sos ecossistemas cobrem grande parte da superfí- cie agrícola nacional. Estes sistemas, que se caracterizam por um redu- zido nível de intensidade produtiva e um elevado nível de biodiversidade que depende da manuten- ção de práticas agrícolas tradicionais realizadas ao longo dos anos, incluem pastagens permanentes seminaturais, áreas de montado e de culturas per- manentes tradicionais, assim como pseudo-este- pes cerealíferas, associadas a longos períodos de pousio. Assim sendo, nestes agroecossistemas a biodiversi- dade está ameaçada tanto pelo abandono da ativi- dade agrícola, como pela intensificação da mesma, pelo que é indispensável o apoio financeiro a estas explorações de modo a assegurar a sua sustentabi- lidade económica e ambiental. De uma forma geral, todos estes sistemas têm sido apoiados através dos diversos programas de desenvolvimento rural, com exceção do PRODER,

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