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A agricultura e a paisagem, suporte de múltiplos usos e valores sociais 49 europeia. É sobre esta dimensão da paisagem que o presente texto se debruça. Complementar às restantes, a prioridade 5) procura explorar as formas de aumentar o capital humano e social, necessário e fundamental para qualquer um dos objetivos das prioridades anteriores, tanto den- tro do setor agrícola como na comunidade rural no seu conjunto. Sem pessoas que possam entender as novas questões que hoje se colo- cam à agricultura e posicio- nar-se de uma forma inova- dora face a essas questões, contribuindo para novos arranjos institucionais e novos paradigmas de ges- tão, a tão procurada inovação na agricultura euro- peia dificilmente será conseguida. Os processos de transição rural e o papel da paisagem As teorias da transição descrevem a coexistên- cia espacial, temporal e estrutural de processos de transição nas áreas rurais da Europa de hoje. A agri- cultura mantém-se no centro do turbilhão de ques- tões de segurança alimentar, equilíbrio ambien- tal, mudanças climáticas e utilização dos recursos. Há, todavia, uma expetativa crescente por parte da sociedade em relação aos outros bens e serviços fornecidos pela paisagem rural. As transformações em curso estão em grande parte liga- das à restruturação do setor agrícola, incluindo inten- sificação e extensificação, especialização e concen- tração, levando a mudan- ças radicais no uso do solo, dos fatores de produção e do capital humano. Estas transformações relacionam-se também com os pro- cessos de urbanização e com as mudanças socioe- conómicas a várias escalas. E resultaram não só em fluxos e realocação de pessoas e atividades, sobre- tudo no sentido da concentração de pessoas nas áreas urbanas e do esvaziamento das áreas rurais, mas também, mais recentemente, em processos de re-ruralização, ou seja, de fluxos de retorno ao rural, o que implica novas relações de poder à escala local e novos atores envol- vidos na gestão dos recur- sos no espaço rural. Assim, o espaço rural e, com ele, a paisagem foram progres- sivamente mudando de zonas exclusivamente de produção, para zonas tam- bém de consumo do pró- prio espaço (aproveitamento dos bens públicos) e de proteção do mesmo (proteção dos recursos e da paisagem) (Holmes J., 2006). Estas dimensões emergentes estão ligadas ao envol- vimento de uma comunidade mais vasta de atores a múltiplas escalas de governança, aumentando em muito a complexidade social do espaço rural. A multifuncionalidade da agricultura não contempla assim apenas a diversidade da produção agrícola e a atenção à qualidade da paisagem, mas mesmo uma mudança de paradigma para a gestão de todo o espaço rural (Pinto-Correia e Kristensen, 2013). A paisagem rural, e agrícola em particular, é a enti- dade espacial onde todos estes fatores de mudança e novas procuras se encontram. É na paisagem, à escala local, que a produ- ção como construtora da paisagem e as atividades que se baseiam nos bens públicos se encontram de facto, e onde os diferentes atores se reúnem e intera- gem. A paisagem é assim, além de tudo mais, um mediador para a gestão integrada do espaço rural e das diferentes procu- ras e expetativas relativas a esse espaço. A paisa- … o espaço rural e, com ele, a paisagem foram progressivamente mudando de zonas exclusivamente de produção, para zonas também de consumo do próprio espaço (aproveitamento dos bens públicos) e de proteção do mesmo (proteção dos recursos e da paisagem). A paisagem é assim, além de tudo mais, um mediador para a gestão integrada do espaço rural e das diferentes procuras e expetativas relativas a esse espaço. A paisagem é uma base que todos reconhecem e na qual todos se reveem.
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