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A importância da agricultura na preservação da biodiversidade 41 dora de serviço de controlo de pragas em culturas como a vinha e o olival. A contribuição das paisagens agrícolas sob práti- cas extensivas para a manutenção da biodiversi- dade é reconhecida formalmente desde os anos 90, quando o conceito de ‘Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural’ foi proposto por Beaufoy et al . (1994). Este conceito foi, posteriormente, integrado no con- texto das políticas de desenvolvimento rural (Polí- tica Agrícola Comum – PAC) e transposto em ajudas económicas (ao abrigo das medidas agroambien- tais e outras) ao baixo rendimento destas explo- rações agrícolas como compensação dos servi- ços prestados à sociedade pelos agricultores que gerem estas áreas, nomeadamente no domínio da preservação da biodiversidade agrícola. 2. As Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural: o que são e porque são impor- tantes? As Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural incluem paisagens rurais onde a agricultura constitui a prin- cipal forma (usualmente dominante) de uso do solo, e em que as práticas agrícolas subjacentes suportam ou estão relacionadas com a persistên- cia de elevados níveis de biodiversidade (Beaufoy et al . 1994), nomeadamente: a) ocorrência de um elevado número de espécies e/ou habitats, b) ocor- rência de espécies com estatuto de conservação de acordo com a legislação europeia, ou c) ambas as condições (Andersen et al ., 2003; Lomba et al ., 2014). De facto, inúmeras espécies e habitats euro- peus com elevado valor natural e/ou de conserva- ção encontram-se dependentes da continuação de práticas de gestão agrícola extensivas, caracterís- ticas dos sistemas agrícolas tradicionais (Lomba et al., 2014; Lomba et al., 2017). Dada a natureza multifuncional das paisagens rurais tradicionais, as Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural caracteri- zam-se frequentemente por uma elevada heteroge- neidade, o que se reflete na ocorrência de distintos usos do solo numa matriz agrícola, incluindo uma elevada proporção de vegetação natural e semina- tural (Andersen et al., 2003; Lomba et al., 2014). No contexto europeu, estima-se que cerca de 30% da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) corresponda a Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural (Lomba et al ., 2014). Ainda que partilhem inúmeras caracterís- ticas, os sistemas agrícolas que suportam estas pai- sagens refletem as condições climáticas e ambien- tais locais características dos distintos contextos socioecológicos, o que, por sua vez, se traduz na diversidade de paisagens que pode ser observada no contexto europeu, desde o Noroeste da Irlanda, onde pastagens naturais são pastoreadas por bovi- nos, até aos mosaicos de paisagem do Noroeste português, em que parcelas de vegetação natural (pastagens e/ou pequenos bosquetes de carvalho) podem ser observados embebidos numa matriz agrícola diversificada. Estas diferenças têm sido uti- lizadas como forma de classificar estas paisagens rurais de acordo com o valor natural que suportam, no contexto da valorização das mesmas. Assim, de acordo com Andersen et al . (2003; ver Lomba et al ., 2014 para revisão), atendendo aos valores naturais prevalecentes e às diferenças nas práticas agrícolas extensivas praticadas nessas paisagens, podem ser distinguidos três tipos de Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural, designados por tipos 1, 2 e 3. As Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural do tipo 1 carac- terizam-se pelo facto de serem aquelas que preva- lecem sob práticas agrícolas mais extensivas, o que se reflete na dominância de vegetação natural e/ ou seminatural na paisagem, com a ocorrência fre- quente de habitats com estatuto de conservação ao abrigo da Diretiva Habitats (Diretiva 92/43/CEE). São as que apresentam uma distribuição mais ampla na UE, sendo consideradas prioritárias no contexto da conservação da agrobiodiversidade nestas pai- sagens. Já o tipo 2 inclui mosaicos de paisagem em que parcelas de vegetação seminatural e uma ele- vada densidade de elementos lineares, como orlas de vegetação ou pequenos bosquetes, são observa- dos embebidos numa matriz agrícola. Finalmente, as Áreas Agrícolas de Elevado Valor Natural classifi-

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