Cultivar_8_Digital

A agricultura como utilizadora de diversidade genética 25 ção de variedades e raças tradicionais por genótipos melhorados); •  Desvalorização do papel das pastagens; •  Inversão da flora infestante (menos espécies infestan- tes, mas mais agressivas); •  Redução do papel das leguminosas na restaura- ção da fertilidade da terra; •  Abandono de terras marginais; •  Intensificação do uso agrícola dos solos mais fér- teis. Muitas cultivares e raças tradicionais sobrevivem em bancos de germoplasma ou em sistemas de agricultura muito subvencionados. Os sistemas de agricultura mais intensivos caracterizam-se por um colapso de todas as categorias da diversidade (diversidades genética, alfa, beta e gama). O simples facto de as reservas de energia fóssil e de alguns nutrientes (em particular, do fósforo) serem finitas, significa que a agricultura, mais tarde ou mais cedo, terá que incorporar os princípios bási- cos da economia circular, e.g.: •  Aumento do tempo de per- manência dos recursos no interior do sistema econó- mico, através de um uso mais eficiente desses recur- sos (aumento do output económico por unidade de recurso); •  Reciclagem das emissões (fecho dos ciclos); •  Aumento da eficiência do uso da energia e dos nutrientes; •  Substituição progressiva da energia fóssil por fon- tes renováveis de energia; •  Encurtamento (espa- cial) dos ciclos de maté- ria e energia. Para lá chegar, são inevi- tabilidades: •  Reintegração funcional de tipos de solos com diferente potencial pro- dutivo nos sistemas de agricultura; •  Redução da intensidade da incorporação de fato- res de produção (de modo a aumentar a eficiên- cia do seu uso); •  Recuperação da complexidade dos sistemas de agricultura com a diversificação de culturas e a reintegração das componentes animal e vegetal à escala da exploração agrícola; •  Recuperação da diversidade de espécies indíge- nas e cultivadas (com diferentes níveis de domes- ticação) e de ecossistemas (incluindo agroecossis- temas); •  Recuperação da centralidade das pastagens e das leguminosas nos sistemas de agricultura; •  Desenvolvimento de novos ideotipos no melho- ramento de plantas e ani- mais. A agricultura terá de se regenerar “ como utiliza- dora de recursos de diver- sidade genética, cultiva- res, variedades, raças, flora e fauna silvestre ”. A agricultura terá que ser encarada como utilizadora não só de diversi- dade genética, mas também da diversidade cultu- ral, reconhecendo e incorporando os saberes e per- ceções das comunidades humanas, pelo menos à escala local e regional. Estes conhecimentos acu- Muitas cultivares e raças tradicionais sobrevivem em bancos de germoplasma ou em sistemas de agricultura muito subvencionados. Os sistemas de agricultura mais intensivos caracterizam-se por um colapso de todas as categorias da diversidade … … muitas espécies silvestres (e também ancestrais de espécies cultivadas) são ainda recursos alimentares e medicinais com impacto no bem-estar de muitos povos. A manipulação e consumo destas espécies em diferentes regiões do mundo refletem a diversidade do conhecimento local e acima de tudo a identidade cultural inerente

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