Cultivar_7_O risco na atividade economica

Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-Geral do GPP Neste ano de 2017, o debate sobre as políticas públicas da União Europeia para o próximo futuro será intenso. Um tema que tem estado presente, em vários estudos e iniciativas públicas tem sido o “risco” na atividade económica e a sua gestão. Os conceitos de “risco”, bem como de “volatilidade” ou de “crise” não são homogéneos e a sua perceção é diversificada pelos agentes económicos, os presta- dores de serviços financeiros, as entidades científi- cas e a regulação pública. O risco é inerente à atividade económica, pois há sempre um conjunto de elementos incertos que ocorrem entre a decisão de produzir e o momento da concretização da produção em resultados eco- nómicos. Esta temática tem sido bastante estudada pela teoria económica, nomeadamente nos anos mais recentes, tendo sido objeto de análises que conduziram à atribuição de vários prémios Nobel da Economia neste milénio 1 . 1 J. Stiglitz recebeu o prémio Nobel em 2001, nomeada- mente tendo como referência o artigo conjunto com M. Rothschild “Equilibrium in Competitive Insurance Markets: An Essay on the Economics of Imperfect Infor- mation” (1976). D. Kahneman recebeu o prémio Nobel em 2002, sobretudo devido ao seu artigo com A. Tver- sky “Prospect Theory: An Analysis of Decisions under Risk” (1979). Em 2013, o prémio Nobel distinguiu E. Fama, L. Hansen e R. Shiller pelos seus trabalhos sobre determi- nantes dos preços dos ativos, onde a teoria do risco é As atividades no setor primário (a agricultura, a sil- vicultura e as pescas) não constituem, pois, uma singularidade neste âmbito, embora tenham espe- cificidades que decorrem, nomeadamente, da sua exposição ao meio ambiente e de terem ciclos pro- dutivos longos em alguns dos seus subsetores. Assim, começamos com um texto de Phil Hogan, Comissário Europeu para a Agricultura e o Desen- volvimento Rural, que descreve uma tipologia de riscos a que os agricultores estão sujeitos, faz um breve historial dos instrumentos de gestão de risco na PAC e expõe os desafios futuros a que a PAC deve responder neste quadro, já que é responsabilidade dos decisores políticos “criar um quadro adequado para ajudar o setor agrícola a enfrentar com êxito ris- cos e crises, aumentando a sua resiliência ”. Ou seja, a sua descrição é factual, colocando numa abordagem prospetiva aquilo a que a PAC terá de responder no futuro. Esse enquadramento especí- fico dá o mote para o tema de fundo neste número da Cultivar sobre o “Risco na Atividade Económica”, em que procuramos abordar de uma forma mais aprofundada os pressupostos técnicos e científicos do risco nos seguintes tópicos: 1. O risco na ativi- decisiva. Em 2014, J. Tirole recebeu o prémio Nobel pelos seus trabalhos sobre poder de mercado e regulação, des- tacando-se a temática do risco coletivo.

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