Cultivar_7_O risco na atividade economica

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 7 MARÇO 2017 74 tes bióticos, particularmente relevante para um setor cujo desenvolvimento depende em absoluto da atividade privada: “ Esta redução de riscos reais é em si extremamente importante, mas essa redução é ainda benéfica pela redução da perceção dos ris- cos pelos agentes do setor. Por isso, a minimização dos riscos associados aos incêndios e a agentes bio- lógicos bióticos nocivos deverá continuar a ser o pri- meiro passo para criar a confiança dos agentes no setor e proporcionar condições para o investimento .” E de facto a realidade florestal é, atualmente, extre- mamente complexa. Os desafios são extremos e abrangem adaptações a alterações de carácter socioeconómico, a alterações climáticas, a altera- ções de mercado, num contexto crescente de exi- gência e de responsabilização dos proprietários e gestores dos espaços florestais. Estes têm de asse- gurar a viabilidade económica da sua exploração no âmbito dum quadro de condicionantes de ges- tão florestal e de mercado: • Acentuada depreciação dos preços das matérias- -primas florestais; • Baixa rentabilidade da atividade florestal; • Longos prazos de recuperação do capital que estão associados ao investimento florestal; • Deficientes condições de acesso dos produtores florestais ao financiamento bancário. Os longos prazos de recuperação do capital que é investido na floresta exigem uma análise pon- derada das diferentes medidas de gestão de risco a implementar. Exigem não só tomadas de deci- são adequadas que rentabilizem o investimento efetuado ou a realizar, mas também uma elevada capacidade de minimizar os riscos do mesmo inves- timento, isto é, obrigam a uma prevenção ou inver- são de eventuais tendências que possam ocorrer nestes sistemas. É, por isso, absolutamente essencial incorporar uma efetiva estratégia de gestão de risco florestal. Os principais riscos: pragas e doenças e os incêndios florestais Os principais riscos que ameaçam a produção flo- restal são as pragas e doenças e os incêndios flo- restais, ainda que com dimensão e impacto dife- renciados. Ao nível das pragas e doenças, os seus efeitos têm sido exponenciados por dois fatores principais: o comércio mundial e as alterações climáticas. De facto, a globalização do comércio tem tido um impacto crescente na sanidade florestal, quer de forma direta, de espécies florestais e dos seus pro- dutos, quer de forma indireta, com a circulação de bens que utilizam produtos de madeira (por exem- plo, paletes). Por outro lado, e de acordo com o relatório de Adaptação das Florestas às Altera- ções Climáticas (ICNF, 2013) no âmbito da Estraté- gia Nacional de Adaptação às Alterações Climáti- cas, “(...) as alterações climáticas poderão promover novas oportunidades para o estabelecimento de agentes bióticos nocivos (pragas, doenças, espécies exóticas invasoras), não só por favorecerem o desen- volvimento das suas populações, mas também por criarem, muitas vezes, pressões ambientais que tor- nam as árvores e os ecossistemas mais vulneráveis a determinados organismos. É expectável que as alte- rações climáticas potenciem a ação de agentes bió- ticos que, já hoje, constituem ameaças à sustentabi- lidade das principais espécies. ” Nos últimos anos, várias pragas e doenças foram introduzidas em Portugal, algumas das quais obri- garam à adoção de planos e programas específicos de prospeção, controlo e erradicação. Relativamente aos incêndios florestais, e tal como disposto na Estratégia Nacional para as Florestas, “ O aumento do fenómeno dos incêndios florestais quando comparamos com as décadas anteriores, é hoje em dia o maior dos riscos percebidos no setor florestal .” Esta constatação torna-se óbvia, quando verificamos alguns dos indicadores que caraterizam

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