Cultivar_7_O risco na atividade economica

69 Vinhos verdes: duas décadas de seguro coletivo de colheitas MANUEL PINHEIRO Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) Não fosse o desafio para preparar este texto e não me teria dado conta de um facto interessante: comemoramos, em 2017, 19 anos de seguro cole- tivo de colheitas no Vinho Verde. Dizem-me que é a maior apólice agrícola da Europa. Trata-se, pois, de um ótimo momento para deixar aqui alguns apon- tamentos escritos um pouco ao correr da pena. Ou melhor, ao correr do teclado… Porquê fazer uma apólice de colheitas? Na região dos Vinhos Verdes, nunca houve tradição de segurar a colheita. Região de micro explorações, de dimensão familiar e sempre em paralelo com outras culturas ou outras fontes de rendimento, o seguro era um reduto de algumas, necessariamente muito poucas, grandes explorações. A campanha de 1997/98 foi a primeira em que fize- mos apólice, na altura candidata ao SIPAC (Sistema Integrado de Proteção contra as Aleatoriedades Cli- máticas). O acidente mais preocupante da época era a geada. O Minho sempre teve geadas, devas- tadoras entre abril e maio. A prática da época era encolher os ombros ou reclamar para o Governo ajudar. Nenhuma das duas era muito eficaz, sendo que a primeira nada resolvia e a segunda, geral- mente, resultava em bons discursos e numa mão cheia de muito pouco. A primeira apólice foi, pois, contratada um pouco no desconhecido, na expectativa de que um novo modelo pudesse impulsionar a viticultura. À época, a uva era muitíssimo mal paga, situação que só se inverteu quase uma década depois. O modelo de negócio (que se mantém ainda hoje) era simples: a CVRVV seria tomadora de uma apó- lice de seguro de colheitas, tendo como beneficiá- rios desta os mais de 20 000 agricultores da Região que veriam, assim, a sua produção segura em caso de acidente meteorológico. Como fator relevante de sensibilização, cada agricultor “não teria de pagar”, bastando que quisesse ter a apólice, a qual seria suportada pela CVRVV. Na prática, as receitas desta são as taxas dos produtores. O apoio proveniente do SIPAC era, aqui, uma peça essencial. O clima ajudou a uma rápida credibilização da apó- lice. Logo em 1998, 1999 e 2000 tivemos intensas geadas que demonstraram à saciedade que este era o modelo certo. Enquanto os colegas de outras Regiões clamavam na praça pública pela interven- ção do Estado, nos Vinhos Verdes as peritagens

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