Cultivar_7_O risco na atividade economica

A gestão do risco como alavanca do desenvolvimento económico 37 ria das opções financeiras e, em seguida, ilustran- do-o com exemplos. O prémio de uma opção financeira é a soma de um valor intrínseco e de um valor “tempo”. Uma opção de venda ( put ) é um contrato que permite a venda a um preço de exercício acordado, mas sem a obri- gação de o fazer. Se o preço de mercado cai e fica abaixo do preço de exercício, o valor intrínseco desta opção é a diferença entre o preço de exer- cício e o preço de mercado. O direito de vender a 160 €/tonelada bens que valem 140 €/t no mercado tem um valor intrínseco de 20 €/t. Inversamente, se o mercado sobe e fica acima do preço de exercício, o valor intrínseco desta opção de venda é zero. O direito de vender a 160 €/t bens que valem 175 €/t no mercado não tem valor intrínseco. Porém, se hou- ver volatilidade do preço de mercado, pode acon- tecer que o preço de mer- cado caia abaixo do preço de exercício e, portanto, que a opção ganhe valor intrínseco. A probabilidade de criação de valor intrín- seco antes do vencimento do contrato de opção dá um valor “tempo” à opção. Mesmo se o valor intrínseco for zero, o prémio da opção não é devido ao valor tempo. Além disso, quanto mais o preço de mercado se aproxima do preço de exercício, mais o valor tempo aumenta, porque a probabilidade de criação de valor intrín- seco aumenta (e vice-versa). Há muitas semelhanças entre a opção real estra- tégica e opção de compra financeira. O preço de mercado corresponde ao valor presente líquido, o preço de exercício ao valor do investimento, a volatilidade de preços à volatilidade dos fluxos de caixa do investimento. O mais importante, porém, nas opções reais é a implicação sobre a gestão do investimento. Para criar o valor de “flexibilidade” para além do valor presente líquido clássico, é pre- ciso procurar quer uma gestão do tempo, se for pos- sível escolher as datas da decisão ou escaloná-las de acordo com a informação económica disponível, quer uma capacidade de resposta a novas informa- ções, alterando a organização de um projeto. Trigeorgis (1996) 5 , na introdução ao seu livro, mos- tra como a conceção de um projeto de extração e refinação de petróleo permite criar diversos valo- res de flexibilidade, através de uma opção de adia- mento do investimento, uma opção de abandono do projeto, uma opção de redução ou expansão do projeto, ou de uma opção relativa à seleção dos produtos acabados. O autor descreve também as opções combinadas, opções sobre as opções, que são úteis para a análise de projetos de investiga- ção e desenvolvimento (I&D). Assim, uma primeira fase da investigação pode permitir desenvolver novos produtos, mas também pode não conseguir fazê-lo. Os resultados obtidos em caso de fracasso podem, no entanto, ser utilizados para uma segunda fase de investigação para desenvol- ver uma outra linha de novos produtos. Sem a pri- meira fase da investigação, seria impossível alcan- çar os resultados da segunda fase. A análise do projeto de investimento inicial de I&D deve ter em conta não só o efeito de criação pretendido no final da primeira fase, mas também a oportunidade de longo prazo de crescimento e criação de valor. 3. O papel das políticas públicas As sociedades humanas têm de organizar a gestão do risco através de instrumentos privados, merca- dos financeiros e mercados de seguros. As políticas 5 Lenos Trigeorgis, Real Options: Managerial Flexibility and Strategy in Resource Allocation , MIT Press, Cambridge, Mass., EUA, 1996 As políticas públicas devem pois garantir que os mercados de gestão de risco estão completos e, se necessário, intervir para facilitar o desenvolvimento de instrumentos para os quais exista uma falha de mercado. É sabido que as situações extremas de mercado estão assim sujeitas a intervenções públicas em todos os países do mundo.

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