Cultivar_7_O risco na atividade economica

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 7 MARÇO 2017 36 também se comprometeu a produzir regulamenta- ção financeira apropriada, tendo começado por publi- car o Regulamento EMIR 2 (nº 648/2012), relativo à transparência das transa- ções realizadas no mer- cado de balcão (obrigação de registo em plataformas centralizadas e de depósito de garantias financeiras para a execução de contratos-tipo). À semelhança do que acontece nos Estados Unidos, este regu- lamento deverá também permitir obter relatórios semanais sobre as posições detidas por segmen- tos de agentes de mercado. Além disso, em 2014, a velha diretiva europeia MiFID 3 foi renovada para a MiFID2, centrando-se agora no controlo de posições dominantes no mercado, com particular atenção ao comportamento dos investidores e especulado- res e à negociação automatizada de alta frequên- cia. Existe ainda legislação complementar, os cha- mados MAR e MAD 4 , que se centra no controlo da fraude e da manipulação de mercado. Em última análise, os mer- cados financeiros são essenciais à economia por- que permitem a gestão do chamado risco sistémico exógeno, mas são também suscetíveis de criar um risco sistémico endógeno. 2 EMIR: European Market Infrastructure Regulation (Regula- mento relativo à Infraestrutura do Mercado Europeu) 3 MiFID: Markets in Financial Instruments Directive (Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros – DMIF) 4 O Regulamento (UE) n.º 596/2014 (MAR – Market Abuse Regulation – Regulamento sobre abusos de mercado) e a Diretiva MAD ( Market Abuse Directive – Diretiva sobre abu- sos de mercado) Assim, exigem vigilância não só por parte das auto- ridades nacionais, mas também, e sobretudo, a nível internacional, o que é muito mais difícil de pôr em prática. 2. A gestão do risco como oportunidade O risco pode também ser considerado como uma oportunidade em situa- ções de investimento, ou seja, de aposta no futuro. O investimento é, efetivamente, fundamental, mesmo com futuro incerto, já que permite a criação de novos valores para os consumidores e/ou uma redução dos custos de pro- dução, logo um aumento do poder de compra des- ses mesmos consumido- res. Uma empresa que não invista rapidamente desa- parecerá, tendo em conta que as suas concorren- tes o farão. Por consequência, a assunção de riscos é essen- cial e as empresas que melhor gerirem os seus riscos terão vantagem sobre as suas concorren- tes. A estratégia empresa- rial recuperou assim a teo- ria financeira das opções para mostrar que o valor de um investimento tem duas componentes. A primeira, tradicional em economia, é, naturalmente, a atua- lização dos benefícios futuros do investimento des- contando o seu custo inicial (geralmente designada por valor presente líquido – VPL – de um investi- mento). Esta primeira componente é amplamente utilizada na teoria clássica de opções de inves- timento. A segunda componente é o chamado valor de “flexibilidade”. Vamos apresentar a natu- reza desse valor, primeiro, por analogia com a teo- … os mercados financeiros são essenciais à economia porque permitem a gestão do chamado risco sistémico exógeno, mas são também suscetíveis de criar um risco sistémico endógeno. Assim, exigem vigilância não só por parte das autoridades nacionais, mas também, e sobretudo, a nível internacional, o que é muito mais difícil de pôr em prática. O risco pode também ser considerado como uma oportunidade em situações de investimento, ou seja, de aposta no futuro. … a assunção de riscos é essencial e as empresas que melhor gerirem os seus riscos terão vantagem sobre as suas concorrentes.

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