Cultivar_7_O risco na atividade economica

A gestão do risco como alavanca do desenvolvimento económico 35 dadas pelos tribunais são imprevisíveis (e estão em franca ascensão), como segurar um utilizador de componentes nanotecnológicas, quando ainda não foi determinado o impacto destas na saúde humana? O mercado financeiro desenvolveu instrumentos de gestão do risco dito sistémico, ou seja, aquele que afeta simultaneamente todos os agentes expostos. As taxas de juros, as taxas de câmbio, os preços das matérias-primas agrícolas ou da energia provocam ris- cos sistémicos, tanto mais elevados quanto a volati- lidade do seu comporta- mento ao longo do tempo. Alguns riscos naturais tam- bém têm uma forte com- ponente sistémica, como as secas e as inundações de grande escala ou ainda os tremores de terra. Os dois principais métodos que constituem o prin- cípio ativo dos instrumentos financeiros são a diversificação e a transferência (venda) do risco. A diversificação do risco com base na teoria do port- fólio é “gratuita”, excluindo os custos de transação, enquanto a transferência do risco com base em opções financeiras é onerosa. Como exemplo de diversificação, poderemos referir uma empresa que abrange vários domínios de ativi- dade, tendo em cada domínio uma diversidade de produtos bem distribuídos ao longo do seu ciclo de vida “clássico” (lançamento, crescimento, matu- ridade e declínio). Para um investidor, existem fun- dos indexados que permitem investir num cabaz de ativos financeiros diversificado por atividade ou zona económica mundial. Finalmente, poderemos também mencionar a diversificação em matéria de datas de comercialização de produtos sazonais armazenáveis, como os cereais ou as oleaginosas. Esta diversificação “comercial” é amplamente prati- cada na agricultura. Em contrapartida, os contratos de swaps que permitem a troca de um preço variá- vel por um preço fixo durante um período longo, muitas vezes plurianual, são mais utilizados no domínio da energia (petróleo e gás) e dos metais industriais. A transferência do risco financeiro foi modelizada, e sobretudo instrumentalizada, na década de 1970. Existem abordagens matemáticas muito anterio- res, mas que tiveram pouco impacto na prática dos mercados financeiros. As opções estão agora muito desenvolvidas nos merca- dos, quer sejam puramente financeiros ou de matérias- -primas, incluindo agríco- las. Estas são negociadas nos mercados de futuros e, cada vez mais, por ajuste direto no mercado de balcão (ou OTC, na sigla inglesa para Over-the-Counter ). No mercado OTC, as opções desenvolvem-se segundo modalidades cada vez mais complexas, de forma a responder precisamente à procura de compradores que que- rem cobrir riscos específicos através de um prémio previamente fixado. O mercado de balcão não dispõe, todavia, de um sistema de garantia da execução dos contratos equivalente ao dos mercados de futuros, podendo assim criar um risco de incumprimento sistémico por efeito de dominó. Se um agente do mercado entra em incumprimento, não podendo assim satis- fazer as suas obrigações contratuais, pode arrastar muitas empresas na sua queda. No seguimento da crise financeira de 2008, a regulamentação deste mercado foi solicitada pelo G20, na sua cimeira de Pittsburgh, em 2009. Nos Estados Unidos, a Lei Dod- d-Frank foi assinada em 2010 com o mesmo obje- tivo pelo então Presidente Obama, embora tenha sido parcialmente posta em causa em janeiro de 2017 pelo atual Presidente Trump. A União Europeia As taxas de juros, as taxas de câmbio, os preços das matérias-primas agrícolas ou da energia provocam riscos sistémicos, tanto mais elevados quanto a volatilidade do seu comportamento ao longo do tempo. Alguns riscos naturais também têm uma forte componente sistémica, como as secas e as inundações de grande escala …

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