Cultivar_7_O risco na atividade economica

33 A gestão do risco como alavanca do desenvolvimento económico JEAN CORDIER Professor em Agrocampus Ouest – Rennes Os deuses vivem com futuro certo, os homens com futuro incerto. E o comportamento humano individual, e também cole- tivo, é diretamente afetado por isso: temos simulta- neamente de nos adaptar ao risco e de o considerar como uma oportunidade individual. Criamos assim sistemas económicos, chamados seguros, para mutualizar certos riscos, como o incêndio das nos- sas casas ou os acidentes de automóvel. Da mesma forma, organizamos os mercados financeiros de tal modo que o risco do empresário possa ser parti- lhado com os investidores. A gestão do risco, sob todas as suas formas, reduz o impacto económico de acontecimentos aleatórios adversos, permitindo assim lançar novos empreen- dimentos e, por consequência, investir com acres- cida visibilidade do futuro. E o investimento, por sua vez, induz a competitividade e a inovação, fon- tes de desenvolvimento económico. Este artigo começa por analisar o lugar que os mer- cados de risco ocupam e a necessidade de “com- pletude” destes mercados. Em seguida, aborda o risco como oportunidade estra- tégica num mundo com- petitivo, para depois tecer algumas conclusões sobre o papel das políticas públi- cas, em particular no domí- nio agrícola. 1. A gestão do risco pelos mercados 1.1. Risco e incerteza Em economia, o risco começa por ser considerado como uma ameaça, porque um resultado positivo pode, com uma certa probabilidade, transformar- -se em fracasso. Nesta matéria, devemos recordar a distinção estabelecida por Frank Knight 1 entre risco e incerteza: o risco seria probabilizável, enquanto a incerteza não. As probabilidades podem ser obje- tivas, como acontece no caso dos seguros de vida ou automóvel, mas podem também ser subjeti- 1 Frank Hyneman Knight (1885-1972) foi um economista e professor norte-americano e um dos fundadores da cha- mada Escola de Chicago. Em 1921, publicou um livro cha- mado Risk, Uncertainty and Profit , onde estabelece a dis- tinção referida. A gestão do risco, sob todas as suas formas, reduz o impacto económico de acontecimentos aleatórios adversos, permitindo assim lançar novos empreendimentos e, por consequência, investir com acrescida visibilidade do futuro. E o investimento, por sua vez, induz a competitividade e a inovação, fontes de desenvolvimento económico.

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