Cultivar_5_Economia da agua

A gestão de uma exploração agrícola de regadio 41 verde. Uma comparticipação pública no total da fac- tura de 40 %. Este preço da energia deu origem a projectos com baixa eficiência energética, pois o que contava era o preço inicial do sistema de rega. Assim a maioria dos equipamentos de rega que ainda hoje estão a fun- cionar, estão limitados pelo excesso de perdas de carga, com a obrigação de grandes gastos em ener- gia por m 3 aplicado. Mais uma vez é fundamental e urgente a reconver- são destes sistemas de rega para novos equipamen- tos de bombagem, transporte e distribuição de água para atingirmos a maior efi- cácia possível na redução dos consumos de água e energia. Apesar das reduções uni- tárias de água por unidade produzida, ainda temos um longo caminho a percor- rer neste desafio da eficiên- cia, nomeadamente em ter- mos de eficácia energética por unidade produzida. A nossa exploração começou há cerca de 20 anos a ten- tar aumentar a eficácia da rega, começámos com a introdução de sistemas de apoio à decisão de rega. Aplicámos sondas de humi- dade fixas no solo para recolher a informação dos níveis de água. As estações meteorológicas foram o passo seguinte, já que estávamos no início das tec- nologias de informação. Assim começámos a regar através da prescrição de rega para suprir as neces- sidades reais das plantas consoante a evapotranspi- ração potencial. As sondas são ainda utilizadas para assegurar a boa distribuição de água no perfil ocu- pado pelas raízes no solo. Estas também são utiliza- das para controlar as possibilidades de percolação dos excessos de rega e assim evitar a todo o custo a lixiviação de fertilizantes e fitofármacos. Todos estes avanços levaram ao aumento principalmente da produtividade física das plantas, assim obtive- mos uma melhor produtividade da água e da ener- gia, conseguindo ao mesmo tempo uma redução das unidades de fertilização por unidade produzida. Mas continuávamos a ter muitos problemas com a drenagem, em muitos casos deficitária que levava a problemas de redução de produtividade, dificul- dade em iniciar os trabalhos de instalação das cul- turas no início da Primavera e baixos resultados nestas zonas das parcelas. Foi aqui, no ano 1998 que iniciámos a drenagem interna das nossas par- celas mais problemáticas, pois tínhamos pivots com zonas muito mal dre- nadas em cerca de 10 a 20 % da área, que nos obri- gavam a semear somente em Maio. Isto levava a pro- duções mais baixas assim como um aumento signi- ficativo do consumo total de água e energia. Cada dia que se avança nas sementei- ras desde meados de março, mais água e energia se uti- liza num ano médio, já que ao semearmos mais cedo grande parte do ciclo do milho é apoiado por algu- mas chuvas do início da Primavera. Assim após ter- mos investido em drenagem nestas zonas espe- cíficas das parcelas, tivemos um grande aumento da eficácia da água utilizada em sementeiras mais cedo, pois podemos semear agora um ciclo mais longo e terminamos este mesmo ciclo mui- tas vezes ainda em agosto. Aproveitamos assim os fins de agosto e o mês de setembro para uma seca- gem natural do cereal no campo, em vez dos gas- tos de energia que tínhamos que levar a cabo com colheitas de sementeiras tardias em secadores. O efeito muito benéfico da drenagem interna, torna as parcelas mais homogéneas no seu comporta- mento, já que a vida microbiológica do solo sofre Mas nem tudo foram ganhos, já que transferimos grande parte desta eficácia na utilização da água para consumos em energia elétrica. A rega de gravidade tem consumos energéticos muito inferiores à rega de aspersão. Nos anos noventa, quando a maioria destes projetos de rega foram executados, o preço da energia elétrica era muito mais baixo (em termos reais), porque não só o preço base era menor, como a carga fiscal sobre a energia não tinha as proporções que hoje tem.

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