Cultivar_4_Tecnologia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 4 JUNHO 2016 8 transformação de recursos marinhos são áreas pro- dutivas em que é possível aproveitar os seus resí- duos e introduzi-los numa economia que se deseja mais circular e eficiente ao longo do território. O autor releva o papel do programa quadro para a Investigação e Inovação 2014-2020, Horizonte 2020, em que destaca um domínio associado à «Segu- rança alimentar, agricultura sustentável, investiga- ção marinha e marítima e bioeconomia» enquanto resposta a um desafio societal para inovar no uso eficiente dos recursos e na produção sustentável de alimentos. Ricardo Braga, com um artigo sobre agricultura de precisão, constitui um claro exemplo da interdis- ciplinaridade na gestão da exploração agrícola ao abarcar, progressivamente, várias áreas do conhe- cimento. No seu artigo destaca a necessidade de alterar o paradigma da gestão das parcelas de uma exploração pela média ou pelo solo dominante defendendo que tal é gerador de gasto de recursos (com o aumento dos custos) e de perdas de pro- dutividade (com redução de receitas potenciais). Assim, através da agricultura de precisão, que tam- bém poderíamos denominar como uma “agronomia equitativa”, a gestão da exploração com o recurso a tecnologias de sistemas de navegação por saté- lite e tecnologias de informação, comunicação e eletrónica torna-se possível aplicar inputs com uma taxa diferenciada a cada parcela em função do seu potencial produtivo. Este processo é complexo e tem em vista a gestão unificada e integrada da explora- ção, mas necessita de um trabalho de consolidação para proporcionar a sua generalização. No seu artigo “Biotecnologia e melhoramento vege- tal”, Pedro Fevereiro aborda o desenvolvimento que a biotecnologia tem no desenvolvimento de ferra- mentas tecnológicas que permitem aumentar a precisão e a velocidade no ajustamento da produ- ção vegetal às necessidades de consumo globais sem aumento da área agrícola disponível. O autor defende que a biotecnologia tem permitido aos agricultores reduzir significativamente o impacto da sua atividade no meio ambiente, pela redução da aplicação de herbicidas, inseticidas e redução na emissão de gases, devido ao uso de variedades melhoradas. São descritas e explicadas as tecnolo- gias de desenvolvimento molecular na obtenção de novas variedades e é também abordado os diferen- tes graus de aceitação destas tecnologias nos vários blocos geográficos a nível internacional. Margarida Silva tem uma visão menos favorável ao uso geral da tecnologia, afirmando que “A ciên- cia é deformada pelo dinheiro”. Introduz o tema “ Glifosato, Transgénicos e (falta de) precaução ” e defende que deve ser acionado o princípio da pre- caução para certos desenvolvimentos tecnológicos. A autora centra-se nos pesticidas que contêm Gli- fosato e aborda as implicações destes produtos, e dos seus coadjuvantes, na saúde humana. Pro- cura demonstrar as implicações entre este pesti- cida e os organismos geneticamente modificados a nível internacional e questiona a atuação de ins- tituições oficiais (nomeadamente, a EFSA, e o ali- nhamento nacional sobre a matéria que se mantém ao longo de sucessivos governos). É um contributo relevante que incluímos neste número mesmo que não possamos deixar de assinalar que não partilha- mos a desconfiança face à ciência e às instituições que gerem a introdução de inovações tecnológicas, cujos procedimentos são também apresentados em artigo da DGAV. No entanto, a discussão des- tas matérias, conforme referido pela autora, é apro- priada e bem-vinda, algo que consideramos ser um dos objetivos da Cultivar. A Secção Observatório inicia-se com um artigo do GPP com o enquadramento da inovação agroali- mentar e florestal nacional, apresentando um diag- nóstico da situação, uma explicação da estratégia subjacente ao Plano de Desenvolvimento Rural PDR2020 e um balanço sintético das iniciativas já submetidas. Francisco Cordovil (INIAV) expõe um modelo de análise do potencial produtivo agrícola com base

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