Cultivar_4_Tecnologia

Biotecnologia e Melhoramento Vegetal 33 cies, o que permite a identificação das variantes alélicas existentes e a possibilidade da sua carac- terização funcional. Mas também introduziram a possibilidade de se ‘genotiparem’ milhares de marcadores do tipo SNP e permitirem uma maior precisão em estudos de associação fenótipo/genó- tipo. Associado à revolução na sequenciação dos geno- mas anteriormente referida encontram-se as novas técnicas de melhoramento (NBT - New Breeding Techniques ). A lista das técnicas incluídas nesta designação é a seguinte: • Nucleases dirigidas para uma sequência especí- fica • RNA de interferência • Mutagénese oligo-dirigida • Agro-infiltração • Cisgénese • Enxertia em porta-enxertos modificados • “Reverse breeding” • Modelação dos níveis de metilação do DNA mediada por pequenos RNAs Algumas destas técnicas não serão assim tão recen- tes, como o caso da técnica de RNA de interferên- cia (RNAi) ou a enxertia sobre porta-enxerto gene- ticamente modificado, mas usufruem de um nível de compreensão acrescido, como seja o conheci- mento dos mecanismos associados à interferên- cia, que se baseia essencialmente em processos de regulação génica pós-transcricional mediada por pequenos RNAs (fig. 5). Outras técnicas baseiam-se na capacidade de dire- cionar nucleases para sequências específicas do genoma, permitindo a sua edição com uma enorme precisão. Esta tecnologia permite ou interromper a expressão de um gene, ou corrigir um gene espe- cífico ou ainda substituir uma variante alélica por outra (fig. 6). Esta tecnologia tem evoluído muito rapidamente e no passado mês de Abril foi noti- ciado que uma variedade de milho ceroso melho- rada com recurso a esta tecnologia será submetida a avaliação para ser regulamentada. Esta variedade foi melhorada com recurso a uma nuclease, deno- minada de CRISPR/Cas9, que é considerada neste momento a ferramenta mais poderosa, simples e barata para a edição de genomas. Esta enzima é uma pequena nuclease que quebra a cadeia dupla de DNA, sendo o seu direcionamento para uma sequência específica do DNA efetuado por um pequeno RNA de cadeia simples, complementar da sequência de DNA alvo. Figura 5 – Modelo do silenciamento génico mediado por pequenos RNAs em plantas. Dicer – enzima que processa RNAs de dupla cadeia transformando os em pequenos RNA de interferên- cia (siRNA). RISC: complexo enzimático contendo a enzima Argonauta, que quando associado a uma das cadeias do siRNA reconhece e corta RNA mensageiro que contenha uma sequência complementar do siRNA. Fonte: Waterhouse & Helliwell (2003) Nature Reviews Genetics 4, 29-38

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