Cultivar_4_Tecnologia

Biotecnologia e Melhoramento Vegetal 31 mente na base do desen- volvimento de muitos pro- gramas de melhoramento nacionais – como por exemplo o melhoramento de arroz no sudoeste asiá- tico, tendo sido detetados um conjunto de QTLs para a produção de grão sob condições de secura, os quais estão a ser introgredi- dos em variedades comer- ciais (Kumar et al. J. Exp. Bot . (2014) 65 (21): 6265- 6278), ou a identificação de 8 QTL em trigo controlando a resistência à fusariose da espiga ( Fusarium graminea- rum ) (em http://archive.gra - mene.org/db/qtl/ ). As limitações impostas pelo facto de apenas serem utilizáveis as variantes alélicas disponíveis em indi- víduos que se pudessem cruzar sexualmente entre si, e a morosidade associada aos processos de introgressão, incitou ao desenvolvimento de uma segunda perspetiva. Esta recorre à utilização de tec- nologias que permitem a mobilização de qualquer sequência de DNA codificante, de qualquer dos “pool” genéticos (fig. 4) existentes, e a sua expres- são, na variedade que se pretenderia melhorar. Esta perspetiva implicava a possibilidade de transfe- rência horizontal de DNA, o que foi primeiro desen- volvido, apenas na década de setenta do século XX, em bactérias. A perspetiva desta tecnologia permi- tiu abrir o leque de procura das variantes alélicas ou novos genes a todo o espectro de organismos vivos, inclusive a vírus. E assim, em 1983 foram pela primeira vez apresentadas provas da integração de sequências codificantes heterólogas em plantas. O desenvolvimento desta tecnologia permitiu a pro- dução de variedades comerciais com resistência a insetos, a vírus, a herbicidas e à secura. Uma variante desta tecno- logia permitiu a introdução de sequências que reduzem ou bloqueiam a expressão de genes, quer sejam genes da própria planta ou genes das proteínas da cápside viral, permitindo, por exem- plo, a obtenção de varie- dades mais resistentes ao armazenamento e ao trans- porte ou de variedades resistentes a vírus. A pos- sibilidade de uma regula- ção temporal e/ou espacial (específica para um deter- minado órgão ou tecido) da expressão de sequên- cias codificantes heterólo- gas em plantas são vanta- gens determinantes na adequação desta tecnologia para fazer face a problemas específicos, como seja a ativação da expressão apenas quando um deter- minado fenómeno se desenvolve – por exemplo a seca – ou quando apenas se pretende a expressão Figura 4 – Os “pool” genéticos disponíveis para serem explorados no melhoramento vegetal. Fonte: Adaptado de: J. R. Harlan and J. M. J. de Wet (1971), Taxon 20 (4): 509–517. Este conjunto de tecnologias tem vindo a ter uma aceitação diversa nos diferentes países. Enquanto os países do continente americano e da Oceânia e ainda países como a Índia e a China são favoráveis ao uso desta tecnologia, a União Europeia em geral e a Rússia, bem como a maioria dos países africanos restringem fortemente o uso de variedades melhoradas com recurso a esta tecnologia. As diferenças de aceitação não residem, no entanto em quaisquer argumentos sólidos de natureza ética ou mesmo ambiental. Na realidade as restrições à disponibilização dos produtos das variedades melhoradas com recurso a esta tecnologia são de origem ou ideológica ou económica.

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